A admissibilidade de homem com homem está, em 2005, factualmente estabelecida e, doravante com o casamento a legalizar-se em sucessivos lances, já nada admirará que diversas Sodomas se implantem pelo mundo fora.

Ora, como "desde pequenino é que se torce o pepino", para quê então a propaganda contraditória e o esforço policial para prevenir a pedofilia, essa tão repugnante prática do passado?

A mim, pessoalmente, que estou em cima de uma ocorrência que me indignou até à ponta dos cabelos - o caso da Casa Pia - começa a dar-me intervalados ataques de riso amarelo, ao mesmo tempo que me perpassam nos lábios sintomas de fel duro como aço. Dá-me ganas de cuspir para o fogo na esperança de fazer uma longa e bem afiada lâmina...

Ao correr da vertência em apreço, no meu matutino jornal preferido, o JN, leio um artigo da Marlene Melo com o seguinte título:

"Gays defendem Western"

A articulista aborda o primeiro western cinematográfico da história, algo que fez furor na última edição do Festival de Veneza, em Setembro passado e foi premiado com o Leão de Ouro, batendo aos pontos o aclamado "Good Night and good look", de George Clooney.

A fita tem o título de "Brokeback Mountain", que é o mais recente filme de Ang Lee e estreia na próxima semana no adiantadíssimo país de Mister Bush. Em Portugal, a comunidade homossexual - quantos serão? - aguarda ansiosamente que a porcalheira passe, ao dealbar do próximo ano, assumindo o cenário de ânus bem lavado antes e depois da função.

Para o realizador - claro em fundo negro - o filme "é uma grande história de amor, épica e universal", ou seja, por outras palavras, o pioneiro triunfo da introdução anal. Para as diversas comunidades gay, o ensejo constituirá um forte empurrão na aquisição de direitos civis, quiçá viris e passivos, acrescento eu. A revista "365 Gay" - cu todo o ano! - sustenta que a obra fará mais pelo desiderato do que todos os protestos que até ao momento se têm desenvolvido, referindo ainda que se trata de "uma história de amor com a qual toda a gente se pode identificar.

Eu, se tiver oportunidade de ver o filme, até vou levar o meu bilhete de identidade com isqueiro ao lado de prevenção.

Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, actores protagonistas da vaqueirada, ameaçam desconstruir a imagem tradicional do "cowboy" norte-americano, como se até aqui os pistoleiros nunca tivessem metido coisas pelo rabo acima.

A história aborda o "amor" entre dois vaqueiros e encima-se na cena em que ambos, nus, começam perdidamente aos "tiros" um ao outro...

A propósito, eu apreciaria imenso ver um filme do género, mas religioso, no Vaticano, por exemplo, a história de dois padres heterossexuais que, saturados de se masturbarem e muito mais antigos do que os "cowboys", decidiram brincar às casinhas como em pequeninos...

Quanto a mim, carregado até aninhar com a exemplar sacada das bestas humanas que vão aparecendo, acredito que um dia destes Deus vai bater com o marsapo no sol e incendiar esta trampa toda.

Entretanto, pois, terei de diligenciar o melhor dos empenhos para me habituar à nova ambiência e ensaiar quanto antes sob o aconselhamento de um bom manual de hipocrisia.