Ramayana nunca fora presa por pequenos furtos. Sempre alegava que acontecera apenas um esbarrão, e se passava por estudante, exibindo um livro que não lia. Cresceu de cima para baixo, como rabo de cavalo e, quando se envolveu com tráfico de drogas, o corporativismo do pai não prevaleceu. Foi apanhada pelo tenente Durão. Não adiantaram os protestos: “Sou filha de oficial.” A informação constava em seu RG. Esse registro em época de ditadura salvou a pele de vários filhos de militares. Mas o tenente Durão era aroeira de sete cascas. Não levou em conta a paternidade da moça. Meteu-lhe algemas e a conduziu ao distrito policial.Curtiu seis meses de cadeia, e conquistou a liberdade, mediante o arrolamento de falsas testemunhas, e a contratação de um advogado de porta de cadeia, conhecido por Diabo Louro. Escreveu com mão canhestra a história de sua vida e deixou sua imagem gravada em monumento de cera.
***
Adalberto Lima - Estrada sem fim...
|