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Artigos-->132. PERIPÉCIAS DE UMA EXPEDIÇÃO — ARNALDO -- 01/03/2003 - 07:16 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Era chegada a hora do crepúsculo matinal. O Sol ainda não dealbara no horizonte e já o chilreio dos pássaros ecoava por toda a vastidão. Nós, acabrunhados de noite mal dormida, mal podíamos esperar pelo aquecer do dia, quando o inesperado ocorreu. Adentrou o nosso tosco acampamento uma selvagem vinda de tribo próxima, que nos solicitou silêncio e nos aconselhou a segui-la mata adentro. Por sinais, ela nos indicava que os guerreiros de sua gente se aproximavam sorrateiros para surpreender-nos ainda no sono.



Conforme pedido, fizemos e, logo, fomos encontrar-nos ao sopé de íngreme montanha, do cimo da qual deslizava ruidoso riacho, que despencava em cascatas de águas límpidas. Não paramos para apreciar a beleza do local, pois estávamos pressurosos para nos afastar, céleres, daquele perigo que nos rondava.



Não compreendíamos a razão da atitude amigável da indígena nem suspeitávamos cair em alguma cilada preparada com o fito de nos atrair diretamente às mãos de inimigos emboscados. Não titubeamos, dada a simplicidade com que nos foi oferecida a ajuda, e eis-nos, de repente, prestes a nos defrontar com perigos desconhecidos.



Súbito, bem atrás de nós, ouvimos gritos de raiva, de insatisfação. Logo percebemos que se tratava daqueles mesmos que pretendiam apoderar-se de nós, que se surpreendiam com a frustração de não estarmos no acampamento. Nesse momento, cresceu-nos nos corações o pavor natural de ter as vidas em risco.



Pusemo-nos a correr, tendo a nossa frente, como luz que se segue nas trevas, a indiazinha, que nos conduzia para fora do alcance de seus irmãos aborígenes, rumo ao acampamento de poderosa força policial que há vários dias partira ao nosso encontro, pois estávamos perdidos por aquelas paragens inóspitas.



De repente, fomos surpreendidos por três índios, que se puseram a nossa frente, gritando e gesticulando para que parássemos e indicando-nos novo caminho. A nossa guia pôs-se a altercar-se com os recém-chegados, em linguajar estranho para nós, que não entendíamos nada do que se passava. Vários companheiros puseram-se de sobreaviso, para revidar em caso de agressão por parte dos adventícios. Mas nada aconteceu e, ao final da animada conversa, chegaram a acordo, de sorte que nos pusemos novamente a caminho, atrás das quatro personagens, que víamos como nossos salvadores.



Não demorou para que ouvíssemos atrás de nós numerosas passadas apressadas, cada vez mais perto. Extenuados da longa caminhada, fazíamos os corações baterem ainda mais fortemente, pois, ao temor do encontro funesto, acrescentava-se o cansaço natural da correria, principalmente porque não tínhamos esse hábito, pessoas pacatas que éramos em viagem de estudos campestres, atrás de espécimes botânicos raros que comprovariam nossas teses acadêmicas.



Nem tudo, entretanto, estava perdido, pois sabíamos que, de um momento para outro, poderíamos topar com nossos amigos, junto aos quais teríamos refúgio assegurado. De fato, quando sentíamos o respirar opresso de nossos perseguidores, ouvimos o primeiro disparo de alerta, a um tempo para direcionar a nossa carreira e também para avisar aos inimigos que iriam enfrentar resistência.



Em breves instantes, encontramo-nos com os soldados da patrulha e pudemos verificar que estavam muito bem armados e dispostos estrategicamente, de sorte a oferecer resistência ao ataque que, certamente, seria desfechado. Enquanto nos entrincheirávamos em locais previamente estabelecidos pelos nossos defensores, caíram de assalto sobre os soldados os indígenas, que de armas portavam tacapes grosseiros, dardos envenenados e longas lanças pontiagudas.



Como nossos amigos dispunham de armas de fogo, puderam causar grande desastre para as tropas invasoras, que, temerosas, retrocederam de imediato, principalmente quando foram detonadas cargas de explosivos situadas em locais adequados para o desejado efeito moral.



Nesse meio tempo, procuramos a nossa guia, mas vimos que tinha desaparecido, juntamente com seus parceiros. Ficamos alucinados de alegria e não sabíamos que preces elevaríamos aos céus para agradecer a Deus a sublime inspiração que alertara a jovenzinha para nos subtrair ao perigo. Sem que percebêssemos, fomos envoltos por aura de amor e choramos com os corações confrangidos, na ânsia de bem compreender a nossa situação.



Nesse instante, brilhou no céu poderosa luz que, apesar da claridade do dia, nos ofuscava e nos estarrecia. De dentro daquela intensa luminosidade, desceu glorioso anjo que, com voz meiga e suave, se pôs a arengar conosco, trazendo-nos as explicações por que ansiávamos.



De início, fez referência ao impulso que nos conduziu selva adentro, advertindo-nos que tivéramos muita sorte, porque éramos inexperientes, e que pudéssemos considerar-nos afortunadíssimos, tendo em vista que diversas outras expedições tiveram sucesso bem diferente do nosso. Esse primeiro aviso referia-se ao fato de termos estado muito próximos da derrocada e, sem que pudéssemos compreender, passamos despercebidos durante muito tempo. No dia imediatamente anterior ao nosso desatino é que fomos descobertos, mas não se sabia se estávamos preparados para lutar; por isso é que os indígenas hesitaram. Ao enviarem ausculta para observar a nossa defesa, perderam precioso tempo, que foi suficiente para induzir o generoso coraçãozinho da indiazinha a oferecer-se para nos salvar.



Essa generosidade, no entanto, não foi gratuita, pois o que ocorreu, na realidade, foi que os guias espirituais dos membros da missão puderam insuflar na mente e no coração da jovenzinha idéias de humanitarismo, à revelia mesmo dos ensinamentos que os mais velhos da tribo passavam aos seus integrantes, durante as longas tertúlias, nas quais os exemplos dos antevos serviam de guia do comportamento dos jovens. A menina, no entanto, muito impressionada pela dor que presenciara quando da captura de outras levas de exploradores, sucumbiu à influenciação benéfica da vibração amorosa e se dispôs a salvar-nos. Sendo assim, ficou claro para nós que a nossa salvação muito mais se devia às forças espirituais do que propriamente aos nossos méritos, pois, na nossa vã e falsa interpretação dos fatos, pensávamos que tínhamos atraído a compaixão da jovenzinha por nossos atributos pessoais.



Quando manifestamos o desejo de saber se os demais amigos que nos salvaram tinham sido também despertados pelo magnetismo dos guias, ouvimos espantosa explicação: tais guias não eram pessoas encarnadas, eram visões que se manifestaram à indiazinha no momento em que seu coração fraquejara ao ouvir retumbarem os tambores que indicavam que sua gente clamava por vingança pela descoberta do abandono do acampamento. Naquele instante, foi preciso tomar drástica atitude, pois de que outra forma poderiam sair da enrascada os pobres seres perdidos na floresta?!



Alegres por nos vermos alvo de tanta atenção, pusemo-nos a agradecer todas as medidas tomadas no plano espiritual e indagamos se havia em nós algum mérito para tamanha consideração. A resposta não se fez esperar. O anjo de luz elevou sua voz e, com muita serenidade, disse:



— Consultai o vosso coração. Vede que virtudes fostes capazes de instalar nele. Será que, por acaso, não tendes a consciência despertada para o bem, para o amor e para a justiça? Não praticastes a caridade, segundo os mandamentos das leis de Deus e os ensinamentos de Jesus? Não tivestes a precaução de vigiar sempre os vossos desejos, assegurando-vos vida regrada pela moderação e pelo altruísmo? Não buscáveis tão-só realizar o que anteriormente tínheis afirmado que faríeis? Então, se assim procedestes, em harmonia com o bem universal, desejosos de cumprir a vossa tarefa, não seria justo que tivésseis toda a assistência do plano espiritual a quem cabe velar pela realização das aspirações mais sadias da humanidade?! Eis porque, irmãos, fostes abonados com a graça da salvação. Se os homens velassem por conseguir tão-só fazer o bem, promovendo a justiça com amor e assistindo os necessitados com caridade, estariam todos nas vossas condições e poderiam usufruir a mesma atenção que usufruístes.



E mais não disse nem lhe foi perguntado e, enquanto retornava ao fulcro da luz que se irradiava por sobre a floresta, pudemos perceber que todos chorávamos copioso pranto de agradecimento e de amor e, instintivamente, prostramo-nos, em atitude de reverência e de júbilo por termos logrado tanta compaixão.



Vimos que nossa vaidosa atitude diante da irmãzinha tivera por contrapartida um reflexo bom, uma vez que soubéramos ser humildes em nossos desejos e estivéramos bem próximos da verdade. Essa foi a perquirição que nos ficou ao final e foi, através dessa manifestação de nossa consciência, que percebemos que muito restava para caminhar, se quiséssemos verdadeiramente obter os louros da vitória e a permissão final para adentrar o reino do Senhor.



De tudo, uma coisa restava por fazer: compreender com exatidão, com consciência despertada, qual o verdadeiro sentido da humildade, para que ganhássemos o condão de poder avançar rumo ao círculo seguinte.



Fizemos todo este relato para demonstrar o porquê do nosso novo cometimento, pois estamos aprestando-nos para voltar à floresta para colher mais alguns espécimes de flores e frutos que nos faltam para completar o nosso estudo. Temos recebido total apoio dos governantes, bem como roteiros seguros de exploradores que já perfizeram o trajeto com inteiro sucesso. Caberá a nós trilhar aquele mesmo caminho, sob nossa responsabilidade, para o que estamos imbuídos de arrebatado espírito de aventura e cheios de esperança de que vamos conseguir, pois é intensa a nossa fé.









COMENTÁRIO — HOMERO



O irmãozinho Arnaldo se apresentou esperançoso de que sua lenda possa vir a tornar-se realidade. Gratos a ele ficamos todos nós, que vimos os olhos marejarem de lágrimas ao referir-se à vitória do grupo que, solidário, pôde ser guindado a plano superior. Sabemos, por experiência, que, qualquer que seja o passo dado na direção do reino do Senhor, é motivo do mais elevado júbilo, da mais intensa alegria. Para nós, esse é o momento aguardado com mais ansiedade.



Por isso é que estamos enaltecendo o texto elaborado pelo nosso amiguinho recém-saído da “Escolinha de Evangelização”, pois soube refletir com muita sensibilidade a respeito do que tratam as aulas em que se empenham os nossos instrutores e mentores. Jamais teremos palavras de elogio que não sejam estimuladas para dar continuidade ao trabalho encetado. Assim sendo, não veja neste comentário nada que possa fazê-lo pensar em superioridade.



O texto tem deficiências em sua organização, é demasiado longo, reflete desejo em se aproximar de “estória” verossímil, tem preocupações estilísticas próprias da vaidosa personalidade dos encarnados etc. No entanto, reflete agudo senso de moralidade e visa à espiritualidade superior. Por isso, vamos dar-lhe a nota máxima, faltando muito pouco para acrescentar o “com louvor”.



Como você considera que falta atingir a necessária humildade para subir de posto, estamos tornando estas considerações um meio, uma prova para que consiga superar essa dificuldade. Esse o seu trabalho, essa a sua missão.



Parabéns, irmãozinho, e prossiga na estrada que traçou para concretizar os seus sonhos! Vá na paz do Senhor!



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