É muito cômodo
Estar ao abrigo, à sombra
Vendo o desfile passar.
Da sacada, na varanda
Sutilmente observar
A marcha dos miseráveis
O nosso povo oprimido
Pela fôrça dos poderosos
E nada querer fazer,
Simplesmente comentar:
Nossa vida é assim mesmo
Uns tem oportunidade
Outros não
Uns tem trabalho, escola
Outros apenas esmola
E eu, o que posso fazer ?
Nasci rico, abastado
Da vida, possuo o melhor
O que tenho,não vou dar
De outro jeito
Pouco me importo
Daqui, observo toda a cidade
Todo um povo em ebulição,
São crianças pedindo esmola
Outras sujas, pé no chão
É isso mesmo, esta cidade
A culpa, não sei de quem é não !
Desde que o mundo é mundo
Sempre houve a exploração
Uns trabalham e ganham pouco
Outros não trabalham não.
Quem trabalha e pouco ganha
Por contente deve estar
Não importa qual a sua idade
Se explorado ou não
O que importa é produzir
Para os que ficam na varanda
à sombra
Tão somente observando
O nosso desfile passar !
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