DOMINGOS OLIVEIRA MEDEIROS: FOGUEIRA, GRAVETOS E AMOR
Caro Domingos.
Estou aqui no meu cantinho, meio apagada, meio jururu, desde que a última fogueira se apagou. Estou, como é meu estilo, ainda celebrando o amor que passou, curtindo os gravetos que ainda gravitam na fogueira e me proporcionam um calorzinho delicado para amenizar o frio bravo que a vida me reservou. Eu acho que devia existir um decreto para que nunca o amor se apagasse quando a fogueira fosse instalada em corações poetas. Mas isso é um sonho irrealizável e nada democrático...
Maria Georgina Albuquerque (que eu prefiro chamar carinhosamente de Gina) me comunicou que você republicou o poema “O Erotismo da Fogueira do Amor”, feito em 2002. Desculpe, eu não tinha visto. Então, só hoje volto a agradecer por sua inspiração a partir do meu singelo poema “A Fogueira do Amor”. Ela me escreveu, me encaminhou seu texto, me pediu que eu volte a escrever. Está meio difícil, mas estou aqui tentando.
Quero contar a você como isso foi bom. Tudo me fez retornar a várias fogueiras que se apagaram em minha vida, todas mais modestas do que esta que se apaga agora, mas assim mesmo fogueiras que cumpriram seu dever de iluminar e aquecer. E, em meu coração viciado, guardo ainda os gravetos tostados de cada uma delas. Voltar a esse passado faz com que eu escreva com os olhos marejados neste momento. Nada me devolve a esperança, não tenho mais capacidade de alimentar ilusões, Mas a capacidade de sentir está inteira e íntegra, mesmo que não seja manifestada em versos. E sinto uma enorme alegria, afora a gratidão, não só por você homenagear meu eu poético, mas também por, mesmo involuntariamente, ter despertado em mim lembranças as mais caras, pedaços de minha vida que ficaram no caminho e jamais se apagarão.
Obrigada de verdade, meu amigo Poeta.
Beijos.
Sal
|