TRAGÉDIAS - A VIDA CONTINUA
No Brasil a sinistrose costuma hipnotizar as massas e faz com que um acontecimento trágico se transforme numa definitiva catástrofe a ameaçar sucumbir o país, jogando-o no abismo irreversível.
O acidente do vóo 3054 da TAM, explodindo um avião e matando 200 pessoas, conquanto revestido de seu caráter trágico, doloroso, causando perdas de entes queridos a pessoas que tiveram, naquele momento, o peso da ingratidão do destino, em que pese tudo isso, o episódio não destruiu o país como pode parecer nas manchetes e matérias dos meios de comunicação de massa.
No instante fatal da tragédia, paralelamente, o Brasil se orgulhava de seus esportistas, dando alegrias à nação, representando dignamente o país nos jogos panamericanos, conquistando medalhas em quantidade e com qualidade técnica que mostram uma nação se destacando ao lado de paises desenvolvidos como Estados Unidos e Canadá.
A solidariedade e a lamentação humanas da tragédia podem, em meio à amargura, conviver com a continuidade normal da vida nacional que não deve parar, afinal, há um expressivo segmento do país também necessitando de cuidados, tanto do Governo, quanto da sociedade.
Devemos considerar, ainda, que a todo momento acontecem tragédias coletivas e individuais, que atingem grande soma de pessoas, e que, por não estarem juntas num mesmo local e evento, não trazem a comoção coletivamente catártica que os acidentes de aviões habitualmente produzem.
Sem esquecer ou escarnecer as vítimas do acidente, lembremos de nossos heróis olímpicos panamericanos/brasileiros que estão fazendo bonito papel nos jogos que reúnem as Américas, do norte ao sul.
E nossa Paraíba, apesar de partícipe do triste acidente, com paraibanos mortos no desastre aéreo, não deve deixar de homenagear Kaio Márcio, Pretinha, Ednanci e Ricardo, que colocaram o Estado no pódio panamericano com medalhas de ouro no peito.
Kaio, Pretinha, Ednanci e Ricardo entram para a galeria de heróis tabajaras, representando a continuidade histórica de nossos antepassados tabajarinos na construção dessa terrinha paraibana.
A vida é feita de tristezas e alegrias. As tristezas vão embora, as alegrias ficam. Não se pode desejar diferente, sob pena de se ver a própria existência estancada.
A vida deve continuar.
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