MÁRIO QUINTANA E O SACO DE ILUSÕES
Parodiando Mário Quintana, estravaso: "Meu saco de ilusões bem cheio tenho-o".
Se não bastassem outras encheções, a imprensa está querendo aborrotar nosso saco, moendo e remoendo o caso do fatídico vóo 3054, uma tragédia, é verdade, mas não é um fato a abalar as estruturas nacionais. Com todo respeito à s vítimas e que Deus as tenha, acho que os caminhos das investigações e as formas de divulgação estão se transformando num samba do crioulo doido, numa novela mexicana, dramatizada para arrancar falsa lágrimas da platéia.
A Airbus exime-se de culpa, a TAM informa que a aeronave não tinha defeito, a Infraero diz que a pista estava perfeita, a ANAC jura que fiscalizava as empresas, outros transferem para os pilotos também mortos a culpa pelo acidente, enquanto os analistas, cada um puxando para a sua facção, jogam a culpa para todos os lados e a imprensa quer jogar a responsabilidade única nas costas do Governo.
Pelo menos nesse caso o Governo saiu da letargia, reconheceu a sua parcela de responsabilidade e nomeou rápido um Ministro da Defesa que, até agora, tem mostrado firmeza na atuação, está enquadrando todo mundo, retirando o episódio da condição de questão grave de Estado.
É uma questão meramente administrativa, burocrática, por mais que seja dolorido para os parentes das vítimas.
Dessa forma, vejo mais carnaval de notícias do que esclarecimentos dos fatos. E está cansando leitores e telespectadores, pela repetitiva, incoerente e conflitante abordagem do assunto.
Por isso, confesso, pegando carona em Mário Quintana, que "meu saco de ilusões bem cheio tenho-o".
E tenho dito.
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