Pois bem, já me cansaste, Zé Limeira!
Respondo com vigor teu desafio;
acudo sem facão, mas com um rio
de verbos pra apagar tanta sujeira.
Sou velho, minha espada derradeira
consolo acha em tua neta, que é dengosa,
consolo que encontrava na tua esposa,
e que também achou na tua filha.
Limeira: ser mulher na tua família
é ser amante boa e generosa.
Não tenho preconceitos, Zé Limeira,
eu sei que te criaste num bordel
e que te dedicaste ao mau cordel
depois que te venderam numa feira.
Mas eu gosto de putas, é besteira
o nojo que outros sentem pelas putas.
As mulheres da vida são as frutas
que crescem abundantes pelo mato.
Eu gosto das mulheres sem recato,
detesto as enrustidas e as astutas.
Mas, chega. Basta já de introdução,
pois não tenho mais tempo que perder,
no galope, quem sabe, vou morrer
sem poder completar a discussão.
Responda-me, seu preto, qual razão
fez que nunca cantavas pruma dama?
Que foi? Não funcionavas bem na cama?
ou a tua profissão de repentista
preferias, talvez, a de onanista?
Responde, menestrel de injusta fama!