Usina de Letras
Usina de Letras
273 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62073 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10302)

Erótico (13562)

Frases (50483)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Criador de peixe-leiteiro -- 14/12/2016 - 22:34 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Desceram a serra que guarda as águas das Sete Passagens. Venceram um morro alto. Adiante, um serrote, mais morro, outro serrote... E foram rompendo estrada, a caminho de casa. João Velho ia pra casa, mas a casa de Laudelino é seu  chapéu. Sem família, sem emprego, a vida era  tudo que tinha de seu.  Nunca teve mulher nem filho. Era vaqueiro errante. Onde achava  sombra, dessareava  a montaria e se deitava no coxonilho da relva e fazia da sela seu travesseiro. Bebia em qualquer poça. Só abanava a água para afastar  abelha e outros bichos maiores afogados e  quando a fome lhe acossava o estômago, comia lavagem dos porcos. Era feliz com a vida que levava bestando atrás de gado dos outros.
— Estou viajando há duas semanas. Preciso de trabalho e um lugar para descansar.
— Meu patrão carece de merecer força nova na fazenda. Pururuca é trapaceiro. Corrido no mundo. Não presta para vaqueiro. Dinotério,  não tem dom de vaqueiro, nasceu para bate-pau. Crescido nos morros do Rio de Janeiro saiu de lá fugido, depois de uma tentativa de assalto frustrada em que morreu seu parceiro. Tem cabeça oca. Vive falando em criar peixe-leiteiro. Misturado com a ideia de Turíbio e de Pururuca, Japuaçu pegou mania e deu crédito. Esses homens não vão ficar mais muito tempo na fazenda. 
— Desejo mal a eles não! Não quero ser motivo da desgraça dos outros. Mostro serviço. Se o patrão agradar me contrata.
Dino  era zelado em academia, quando morava no Rio, aqui não quer saber do pesado. É letrado. Diz que trabalhou no comércio muitos anos, vendendo peça de computador, na Rio Branco.

— Seu patrão tem muitos vaqueiros.
— Tem. Mas o Dino é o mesmo Dinotério, que é o mesmo Amarildo, que é o mesmo Dinotério da Silva Cavalo.
— Isso é nome de gente!
— Prefere ser tratado por Dino. Nunca vi o registro. Mas dizem que o nome é mesmo  Dinotério. Furou um bêbedo em Juramento que o chamou de Dinossauro.
— Cruz credo! Sou da paz. Tem gente com cada nome nesse mundo  de meu Deus!
— Se quiser comprar briga, chame Turíbio de soberbo. Mas é o nome que carrega arrastado na certidão de nascimento.Na fazenda tem serviço pra Dino não!  Generoso é da paz. Lá, o vaqueiro Dinotério ganha a vida sem trabalhar, pois sim! Mesmo  trabalhando, não trabalha. Em campeio, para nada serve. Nunca laçou um boi. Toca boiada sem tocar. É o boi que toca Dinotério no coice. A vaca que ele ordenha, o bezerro engorda. 
Chovia fino.

Era dois de novembro do ano de 1974.


Texto: Adalberto Lima - Estrada sem fim...(obra em construção).
Imagem: Internet.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui