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cronicas-->Nossas infàncias -- 13/08/2007 - 19:09 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nossas infàncias

Quando vim para este mundo, já havia uma vaga sombra de luz das estrelas no estreito caminhos, lastro do meu começo de estrada como gente. Meus primeiros passos de criança seriam dados numa estrada iluminada. Não vaguei por eles, porque também recebi da vida, que apenas começava, as mãos de seiva do meu despertar, guardiã de minha alma-menina. No remanso dos sonhos, chegaram-me as esperanças que me ensinaram a vencer os novos passos na busca de novos horizontes que dormitavam na penumbra do meu pequenino entendimento como novo caminhante.
Menino que fui, prestas a aprender com a vida, cresci na fartura dos anos dados e vividos, para só mais tarde endereçar-me à juventude anímica da adolescência, tão laboriosa e incompleta na sede dos seus desbravamentos do corpo e da alma, sem ser o antes ou o depois vividos. Época desigual às outras, de brilho próprio, quase soberano se não fosse metamorfósica, diante da voracidade da passagem da carne leve para a carne cheia, aprendendo a sentir o sabor da vida.
Um ser que queria sê-lo no que antes nem pensara poder um dia. O corpo abre as portas do entendimento de sua própria degustação. A carne fala, vive e reina e é mais que um só verbo, buscando a completude em tudo o que faz, de certo ou errado.
O barco pesa, o leme é velho e fraco, os olhos querem refletir na sonolência do depreendido. O homem quer ser sábio: é o sinal de que envelheceu o corpo e pós a alma próxima à santidade da vida. Fez-se tesouro de sua primeira vida. Prepara-se para a transcendência que virá sem demora.
Os cabelos brancos cingem o relato final. São a chave do portal da morte física. É barco velejador que soube desviar-se das tempestades e pensa na bonança quase constante, nos passos lerdos do corpo, agora.
A calmaria é o nosso aprendizado. Meu Deus, como ainda estou revolto no mar, sem cabelos brancos e sem a mansuetude dos que já destilaram o vinho da sapiência.
A velhice, apesar de ter tanto mel, dura pouco tempo. É um engenho que mói o pasto seivado que nossa experiência de vida provou nos deleites dos acertos e dos erros. O depurado guarda-se no céu de cada um, fica eterno como nossas fantasias felizes que só se despedem de nós quando nosso corpo fica frio e calado nos jazigos de nossa primeira metamorfose. Faz-se o pó da base, do que nos é fórmico e mutável. É o vento que passa sem botões de rosa, a voz roufenha que se torna inaudível.
Acho que só serei adulto após duas mortes. Tenho tantas saudades de minha infància simples e feliz. Acovardo-me a seguir envelhecendo. Meus passos diminuem, minha força física cede, meus olhos ficam sonolentos e minh´alma grita diante do pavor do desencarne.
A criança é o ser que está mais próximo da órbita de Deus. É o pedaço mais sagrado da criação. Nela tempera-se o amor da vida com a inocência do belo da criação do homem. É um misto de sonho e fantasia, começo da vida, base do corpo, botão que só vergará desabrochado quando o homem velho ficar mais próximo de sua segunda fase de criança, aí também mais perto de Deus.
Nosso corpo é uma onda de carne, santuário da alma que não pode sair por aí levando sol e chuva. Quem bem dele cuida, rega a alma com a felicidade do amor que tem para consigo mesmo. Vale a pena cuidar dele para ter-se, na cintilància do seu verniz, o exemplo como mácula fiel dos que viveram gostando de si mesmos.

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