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cronicas-->Memória -- 13/08/2007 - 19:06 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Memória

Memória é como um espelho baço: é necessário limpá-la antes de fazer em sua face polida a releitura do que dela se evocou. Devemos alisá-la com o mais depreendido carinho, porque dela pode nos chegar, com incontrolável força, a fúria das notícias mais desagradáveis, aquelas que não conseguimos destruir, mas que não queremos nas nossas relembranças. Esta são fomentos fartos das lágrimas dos nossos engasgos, despreferidas, portanto, porque só nos fazem ferir sem se incomodar com a disritmia que provocam em nossos corações.
A solidão é a fiel lustradora dessas memórias. Quando fechamos os olhos e os fios compadecidos de nossos sentimentos nos ligam a elas, somos postos em realidades que já nos machucaram antes. Normalmente as almas mais ansiosas são as que desejam essas lembranças mais labruscas, reveladoras de dores antiquíssimas que ferem como lanças aceleradas na direção do nosso peito.
Quantas releituras de memórias fazemos diante do desalinho que nossos sentimentos nos proporcionam! A força de certas evocações, às vezes, nos chega como a fúria estupenda de um furacão sobre as águas de um oceano calado e manso. Quantas vezes nós somos apenas frágeis vítimas largadas nas areias de praias solitárias e calmas, abandonadas em ilhas desertas e sem memória...
Ah! que outras lembranças, desta vez doces, nos podem ser trazidas por essa mesma memória! Os mesmos olhos que chorara diante das dores lembradas podem agora sorrir com lágrimas diferentes.
A memória traz o tumulto emergente das paixões proibidas e o carinho amadurecido no peito dos que maturaram um amor verdadeiro. Ateimo-me e rediscuto comigo mesmo como é fundamental para um homem ter uma boa memória. As outras, aquelas que parecem não querer viver novamente sob a força de fortes emoções, silenciam no esforço de uma sobrevivência sem história. Algumas lembranças chegam a febricitar-me o coração; rápido passo a borracha sobre elas e, ainda no engasgo de saber que ainda não morreram, desvio o pensamento e sorrio covardemente, talvez por não ser forte o suficiente para cumprimentar um vexame vivido e emergido com a permissão sabe-se lá de quem.
Um grande silêncio de dor ou de tristeza gosta de atiçar a memória, de uma forma quase provocativa para consigo mesmo. Há os silêncios confidenciosos, os lancinantes, os débeis, os mais amargos e os que não nos devem sair da alma nunca: aqueles alegres, doces, amáveis.
Despetaladas, há memórias que choram por uma evocação nossa. Outras são espinhos vivos e ativos. Todas elas há dentro de nós, como verdejantes pastagens que nunca as devoradas por completo pelo animal/homem que existe dentro de cada um de nós.
Hoje, nesta crónica, lembrei-me de que possuímos memórias apenas. É parte importante e inarredável de nossa alma, até porque lembrar-se de algo vivido e se saber que ainda estamos vivos, camuflados por trás de máscaras enfeitiçadas do viver, guarda os passos esquisitos ou simples de toda uma vida. Vivemos com um reviver constante, alimentado pela memória que tudo guarda.


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