Acabou-se o verão, as águas de março trarão novas ilusões, e os sertanejos misturados aos agrestinos, tomarão um pequenino fólego antes de voltarem a sofrer com o próximo estio. É a política do brinca de viver que eu acho graça.
Político mentiroso devia ser punido com a fome. Quando tivesse bem magro, iria despachar nos seios dos pré-desertos do alto sertão e sentir o que é sofrer com a seca.
Mas não, quase sempre eles mentem e criam o característico carnaval do apadrinhamento e arranjam carros pipas e levam água para matar a sede do corpo do homem.
Quando eu vejo algum político falando sobre violência, criminalidade nas grandes cidades, favelização, lembro-me do velho sertão de onde suas notícias mais fiéis nos chegam através da literatura das secas e duras veredas da vida nos Euclides, nos Guimarães, nos Gracilianos. (Quanta cachorra Baleia morreu de fome tendo a sua frente o oceànico e azulado volume de água do velho rio São Francisco!).
Meu Deus, que trovão terá que estourar próximo aos ouvidos desses seres que administram nosso Estado para fazê-los acordar do marasmo em que vivem? Não queremos que as lágrimas desses irmãos sertanejos, acostumados com os sofrimentos, sejam o único líquido a molhar a terra. Nessa terra só a alma vive encharcada e morna.
Não estou fazendo ladainha nenhuma. Minha reclamação procede. Querem saber mais? Eu nasci, cresci e ainda moro na zona da mata, o que não me impede de pedir pelo sertão para ver o sertanejo feliz. Afinal, é nele que o sol arde mais fortemente e a água é a ilusão mais triste. É lá onde a morte mata mais depressa.