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cronicas-->Doutor papai noel -- 13/08/2007 - 18:48 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Doutor papai noel

É meu desejo terminar o ano de 2002 em paz com minha consciência. Inicio uma rememorização que acho justa e oportuna. Minha profissão vem primeiro: nobre e bela, merece acenos mais fortes na prestação de contas que faço comigo mesmo. Vi tão de perto a face da morte em punhado de meus pacientes, porém com menor frequência do que no ano anterior. Com a Medicina que fiz houve avanços e não foram eles poucos.
Busquei ser o mais humano possível, mas ainda longe do que preciso ser. Ficaram lacunas dentro de um labirinto dosado por fortes forças que não dependem de mim, apenas. O tempo há de ajudar-me a vencê-las e melhorar significativamente em 2003.
É uma pena que não possa tratar o càncer invocando Papai Noel ou Branca de Neve e os Sete Anões. Aqui a coisa pia e não é fácil. Ser médico em um país de Terceiro Mundo é sinónimo de enfrentar imenso desafio. As manchetes dos jornais mostram no seu cotidiano curas miraculosas e só nós, médicos, atrás de birós velhos e sucateados, sabemos o quanto nos dói não termos sequer làmina de bisturi para drenar abscessos.
Um presidente viaja à Europa, segue-o grande comitiva. O cofre do país drena, dólares para despesas, e nós ficamos a ver navios em mares secos, o que é bem pior. O médico está aquém do que pode fazer pela sociedade; trata muito, pouco cura e desaprende a prevenir doenças: outra realidade afiada que corta a alma e desvia os propósitos de mãos que gostariam de fazer diferente, já que emergem de punhos firmes.
Papai Noel bem que poderia trazer no seu trenó um punhado de soluções para o combalido sistema de saúde brasileiro. No fim das contas das ações governamentais, duvido de que se ache o zero dos nove fora nada. Os cálculos são inexatos, as estatísticas pouco confiáveis e os índices anunciados não são confirmados facilmente. Há uma figuração colorida no seu anunciar, haja vista a necessidade de se produzirem impressões fortes na sociedade que, pacientemente assiste a tudo isso.
Vem, vem, Papai Noel, não com o saco cheio de conversa fiada, mas trazendo soluções concretas para a saúde deste doetezinho chamado desrespeito à vida e à cidadania.
Basta de promovermos festas pelos recebimentos de comendas troféus por certos avanços nos resultados de determinadas conquistas. Não nos adianta ir à Roma dos Cézares, recebermos certificados coloridos, se nos falta até aspirina nos postos de saúde das cidades mais sofridas do nosso Estado. Fazer Medicina na atualidade é acreditar em um Papai Noel, que vive de saco vazio, trenó com pneus furados e pouca esperança em dias melhores.
Se um médico não dirigir seu próprio trenó, não estiver perto de Deus e trabalhando no seu dia-a-dia com o corpo e a alma, de nada lhe valerá exercer seu sacerdócio. A doença dos outros feri-lo-á duplamente e de saco vazio de esperanças não será, jamais, um doutor Papai Noel. É mudando a nós mesmos, primeiro, que mudaremos o mundo e poderemos chegar até a Lapónia de cada um e de todos nós.





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