Usina de Letras
Usina de Letras
150 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50618)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140802)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->A ordem natural da vida -- 13/08/2007 - 18:38 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ordem natural da vida

Algo me inspira a escrever. Enxergo cousas intrigantes e perigosas em que o homem tem mexido, longe de ter algum controle sobre elas. Passeiam descontraídas nos escafandros dos labirintos do D.N.A. Mais do que um passeio, chega até a ser uma grande viagem rumo ao excitante lugar onde a vida nasceu um dia. Voam montadas em tecnologias de ponta viciadas, a cortarem o tempo, trazendo-nos o futuro para o presente, assustando-nos com os conhecimentos e poder sobre eles que nos são dados numa velocidade fantástica.
Acho que já é hora de acreditar que somos pequeninos demais para manusear as sementes da vida, abrir o enigmático baú onde estão trancafiados os escritos da hereditariedade. É ousadia culposa para simples mortais que desfilam pela ciência, no rebolado da lógica que muitas vezes nos dão pernas menores do que nossos passos. Catucar genes, até pouco tempo atrás intocáveis, é permitir construir esses ditos passos e, neles, autotropeçar.
Essas novíssimas micropipetas usadas para assustar cromossomos que pacientemente têm estado quiescentes a obedecer ordens das misteriosas leis da vida, poderão nos custar muito caro! Essa incrível andança humana poderá ser mais bombástica do que aquela nossa recente brincadeira científica de Hiroxima e Nagasaki, hoje já tida como inocente demais para os moldes científicos atuais.
Brincamos entre o desconhecido e o desconhecível, ao lado de nossa autodestruição, que pouco percebemos estar escrita nos prefácios dos nossos grandes experimentos biológicos, com os tão anunciados clones, genes, genomas, e por fim, com os embriões até novelescos, assassinados barbaramente no nosso dia-a-dia, em nome da ciência, do progresso e do desenvolvimento.
Não conseguimos, talvez, alcançar o tamanho da nossa bestialidade. Somos criaturas vindas que perderam o rumo da volta. Ficamos no meio do caminho procurando achar em minúsculas unidades morfofuncionais, chamadas células, a chave da criação, quando temos à nossa frente o gigantesco espetáculo vivo da natureza que nos fala com muito mais sabedoria e simplicidade do que as nossas mais complexas procuras pelo cerne da vida. Nela, poderemos encontrar a explicação mais plausível para continuarmos credenciados a sermos fortes cientistas das coisas do mundo e das coisas de Deus.
A pedra filosofal que damos por impossível tê-la, quero acreditar, pode nos ter precedido, vindo, quem sabe, de seres muito mais autónomos que nós. Não me impressionam tanto os "Big Bangs" e os "Buracos Negros" da vida, porque tudo isso cabe na simples palma da mão de um poeta, que, às vezes, não sabe sequer o que é esse tal D.N.A. e mesmo assim verseja a criação e seus mistérios e nem por isso se acha perdido dentro dessas explicações que outros buscam encontrar de formas mais misteriosas.
A vida nos tem dado grandes explicações em muitos pequenos gestos de nosso dia-a-dia. Sorrir, por exemplo, tem nos sido bem mais difícil e complexo do que ver pedaços perdidos do universo nas lentes mágicas de gigantescas lunetas apontadas para o céu. Nossos cientistas vão buscar figuras estranhas no cosmos, fotografam-nas e se esquecem de ver como é belo o luar em uma noite de serenata que faz o espírito reluzir na verdadeira essência da criação.
Construímos, pois, grandes embarcações para navegarmos em pequeninos lagos e é por isso que vivemos sempre encalhados. A má ciência desedifica a criação, sufoca o conhecimento e não nos ajuda a descobrir cousas mais justificáveis, como curar doenças, aliviar sofrimentos, matar a fome e vestir nossos nus do corpo que povoam os campos por onde a ciência não anda.
Pensamos que caminhamos para tudo saber. Grande engano! Ainda pisamos fragilizados o solo que nos sustenta sem fugir da gravidade e, nem sequer aprendemos a flutuar e criar asas. Nossas pequeninas asas, aquelas que nos permitem ter a sabedoria da ciência, são mais frágeis do que as que possui um pequeno colibri que voa tão ávido de néctar. Não quero nem pensar que evoluir seja mau; longe de mim essa crença. Sou como outro ser qualquer, tragador dos experimentos científicos louváveis de serem feitos. Não posso deixar de enxergar os limites do perigo quando vejo muito mais do que posso entender na criação de um homem que traquina em um laboratório, simplesmente experimentando algo.
Nossos limites são éticos. Evoluir é preciso. Conhecer é nobre; voar, só com asas que nos suportem verdadeiramente. Chegamos a descobrir os elos da criação do homem e dos outros animais. Somos donos desse saber. Não podemos acreditar que a ordem desses elos possa ser mudada, porque senão, de inocentes seres da criação, passaremos a monstros vencidos pela nossa autodestruição.
No locus dos genes dos cromossomos que habitam satisfeitos os núcleos celulares, está mais de que o pergaminho genético de um Deus criador; está a ordem infalível dessa criação que não nos é permitido manusear, mas só conhecer. Tudo o que for entendido através de outro raciocínio será um caminho em sentido contrário ao saber do homem, porque é nele que podemos nos perder um dia. Não somos donos de nada do que conhecemos, apenas desfrutamos do conhecimento que, ao ser alcançado, merece todo o respeito. Como pequenos deuses, não nos é permitido mudar a grande ordem da vida o Deus maior. Enriquecer-se na vida é também entender seus próprios limites.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui