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cronicas-->Um novo mangue -- 13/08/2007 - 18:36 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um novo mangue

Toga para que te quero se o meu dever é o teu direito? Vamos mudar? Como? Só se eu puser o avesso no teu dia-a-dia e me omitir do que sei. Devo pensar que fogo é água e fingir que não sei ter medo. Pois bem, já consigo entender que nasceu uma outra ordem social, injusta e torta, mas que se nos apresenta exatamente como se fora o contrário a isso que pensamos dela.
Acho que foi assim que o mundo escolheu viver. Leis que não são o jogo social e, ao invés de serem cumpridas, são motivos de chacotas. Sequestrar e chorar publicamente na televisão dá manchete espetacular. O sequestrador se enriquece com convites mirabolantes que lhe são feitos por promotores sociais, e a sociedade o perdoa. Torna-se o bom bandido, com direito a camarote especial a partir daquela data, para assistir ao frevo desilusão quando passa na avenida.
Perguntar se alguém usa droga é coisa ultrapassada. Vê-se, às vezes se admira e tudo bem. A língua, já monótona desses jovens da era do chiclete de bola e da internet "tipo assim, cara", é enjoativa. Isso é um pedaço do espelho de quem não gosta de estudar e aculturar-se. É uma pena que a coisa esteja se avolumando tanto, que talvez percamos as rédeas logo, logo.
Difícil é construir algo bom e mantê-lo funcionando. Os movimentos culturais legítimos se esvaecem e não acham sequer alguns recrutadores. Pois bem, e de quem é a culpa? Oi..., e há culpados? Creio que não! Somos todos marujos do seco e pinguins do cerrado. Transformamos todo o meio onde vivemos e nascemos, anarquizamos os ritos, bebemos fartamente do liberalismo vadio e da boêmia, despovoamos o planeta de seus legítimos valores. O que nos resta fazer agora? Dançarmos a valsa? Que valsa? Vocês sabem qual? Mudamos tudo, até a música. O axé é o clássico, e o clássico passou longe dos nossos ouvidos. Retocar a maquiagem só não basta. Precisamos mudar a pele, porém permanecendo sob o mesmo Sol de antes.
Cordas para que te quero? Amarremos os loucos para tratá-los. O choque terapêutico da sociedade é mais do que necessário. Vamos cortar as pontas das nossas asas, andar a pé e engrossar as pernas. Depois, bem depois, quem sabe, reaprenderemos a voar e aí, sim, alçaremos longos vóos.
Falar por falar também não resolve. Escrever o que os outros acham da vida e o que realmente querem, pior ainda. Mas há do seu jeito coisas concretas e registrar essa anarquia geral é mais do que uma obrigação literária é ser um escritor cidadão. Vou escrever, não me importa nada mais agora!
Corremos, e o bicho não nos pegou, e ficamos, e ele não vai nos comer. Gritamos anestesiados e abobados. Deixemos o vento ir beijar a vela do barco onde estamos sem querer saber se ficar à deriva leva a algum lugar. Pois é..., sentado não se anda, mas se pensa e muito. Andar por aí muitas vezes só nos leva a acidentes de trànsito, quase sempre letais. É melhor pensarmos nos semáforos e fazer algo. Soltar gargalhadas com o que enxergamos de errado também não será nada bom: mostramos o outro lado de nossa loucura.
Poxa..., como é complicado resolver tudo isso...! Vou desistir! Não faça isso, José, porque Josés têm que resolver com os Joãos. É para isso que você foi feito e não está lembrado. Passa o tempo, mudam-se as regras, mas não se consegue acabar o jogo. Mãos à obra, de mangas arregaçadas e sem medo de acertarmos. Errados, já vivemos e não queremos compreender. Se continuarmos assim, corremos o risco de perdermos a sanidade e morrermos como caranguejos nos mangues miseráveis das favelas da vida. Não se esqueçam também de que caranguejo gosta de sujeira e lama. Crescem nesse habitat e é nele que gostam de estar.
Você quer viver no seu próprio mangue? Eu, se o encontrar, posso até devorá-lo. Você viverá entre humanos devoradores de caranguejos, não é? Então, se é assim, é melhor que vivamos mesmo como gente que gosta de caranguejos. Será? Olhem que há outros alimentos mais saudáveis..., não é melhor mudarmos os hábitos também? Eu acho!
Quando, por fim, endireitarmos tudo isso que hoje achamos estar fora de ordem, será preciso quebrar a monotonia e bebermos novamente das mudanças. É assim que se faz a vida: abrindo e fechando portas e gavetas, sem medo de sermos felizes. O pensamento pode nos levar a conhecimentos profundos e nos trazer grandes soluções para os problemas que, às vezes, pensamos ser bem maiores do que realmente são. Pois, pensar é preciso; construir é mais do que preciso. Arquitetemos as novas coisas da vida, imbuídos de um novo sentimento de mudança que não nos ponha encurralados na nossa lama inercial, como frágeis caranguejos sem mangues, ávidos por águas limpas. Lembrem-se de que a maioria dos humanos come caranguejos.

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