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Cronicas-->Os contrastes em que vivo -- 13/08/2007 - 18:34 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os contrastes em que vivo

Pergunto-me, às vezes, se Tiradentes, por acaso não estivesse tão endividado para com a Coroa Portuguesa e não tivesse destilado tanto veneno pessoal e coletivo com o advento da Derrama, realmente teria fomentado o movimento da Inconfidência Mineira. O caixa baixo e a sangrenta fome fiscal do Rei de Portugal atingiram tal ponto que o incitaram ao crime. Joaquim estava mesmo em polvorosa. Até a história que nos chega é complicada. Como pode, não é?
Bem longe das Minas Gerais, no espaço físico e no tempo, pude ir até a Lapónia e conversar com um Papai Noel de carne e osso, e dele tirar alguns presentes tolos. Os dos meus sonhos eternamente infantis, esses sempre me serão impossíveis, já que vivo em tempos nada infantis e bem longe dos idos quando sonhava diferente de hoje. Ali, vivia a genialidade da infància descomputadorizada e não menos prazerosa do que a das cibercrianças de hoje, a meu ver, compondo o enredo de uma história bem diferente e com asas mais poderosas, porém nada natural.
Hoje, na busca por divertimentos diferentes do que tinha ontem, navego na internet e chego a assustar-me com o monstruoso volume de informações a que tenho acesso, seja lá qual for o tipo que queira ter. O mundo se mostra pequenino em minhas mãos e um simples toque em uma tecla do computador faz-me cruzar mares e oceanos, dantes nunca navegados. Para fazer tudo isso não preciso nem ao menos sair de minha confortável cadeira. Que loucura é essa, gente? Que força descomunal nos impulsiona a fazer essas viagens todas, sem medo?
E agora, saio da frente do computador, abro a porta principal da casa e vou à rua passear. Busco divertir-me vendo vitrines ou assistindo a algum filme. A aventura é real e perigosa. Estou nas mãos da bandidagem e minha vida corre risco. Um assalto me espera a cada esquina da cidade e o que é pior ainda, não tenho a quem recorrer com segurança e dele livrar-me
e passear sem medo. Muitas vezes, quem nos rouba e mata, é nada menos do que algum brasileiro pago pela mesma sociedade da qual participamos e que quer e precisa ser defendida. Muitos dos que nos prendem são os mesmos que nos roubam.
Escapei ileso até agora de todas essas aventuras. Vou rezar; é bem merecido fazê-lo. Procuro a primeira igreja aberta, entro e sento em um banco próximo ao altar-mor. Vejo o pároco a mascar chicletes e pentear o cabelo bem vaselinado. Ele lê revistas em quadrinhos do Pato Donald e mostra-se satisfeitíssimo com o que faz. E agora, Jesus, para onde vou? Vossa casa está esportiva demais. O sacerdote lê o que não deve, no lugar mais impróprio. De mangas arregaçadas e com o pé na estrada, certamente ele alcançaria a miséria alheia e cuidaria melhor dela. Seu gesto americanizado de estar afugenta a fé dos que ali se apresentam e não evangeliza ninguém. São até pedófilos.
Já é quase meia noite e estou em casa. Ligo o aparelho de televisão e ponho-me a assistir aos programas de fim de noite que prometem invadir a madrugada e todo o tempo em que eu conseguir permanecer acordado.
Desfilam à minha frente grupos de homens e mulheres quase nus, alcoolizados e com uma falácia improdutiva. Ouço salvas de tiros e choros ardentes. Uns riem porque acertaram o alvo, enquanto outros tantos choram por terem sido alvejados. A noite escura nos pede reflexão profunda e é com ela que viajamos para entender melhor o que se passa ao nosso redor. Sodoma e Gomorra, a Torre de Babel, as pragas do Egito, nada disso nos é estranho e a programação que a televisão me mostra não é nada diferente do que se via antes, no início de nossa história. Impaciento-me com o que ouço, muito mais do que com o que eu vejo e chego a abolir da tela o som. Agora só vejo a imagem surda.
Resta-me sair da sua frente e apanhar um best-seller para devorá-lo até chegar o sono. Retiro o mais fino deles da estante, abro-o e começo a leitura. Fala de auto-ajuda. Seu autor, um intelectual com formação acadêmica na Europa escreve sobre coisas estranhas e escandalosas. Busquei, pelo resto da madrugada, os ensinamentos do livro e o sono; e só o último pude encontrar.
Dormi cansado pela judiação que a insónia havia me presenteado, sem poder separar-me das más recordações do que vi durante todo o período em que refleti sobre as coisas que meus olhos puderam enxergar.
Acho-me preso, irremediavelmente condenado e, o que é pior, sem ter sido julgado antes. Quando essa grande zona irá parar, não sei dizer. Continuo vítima de todo esse absurdo e nele vivendo sem poder sair. A cólera que nos prende o pescoço é grande e não nos deixa voar com nosso arbítrio, livres como pombas-rolas pensantes.
Afinal, não podemos viver diferentemente? Claro que sim; basta-nos entender que Jesus é a vida que procuramos e com Ele poderemos marchar sem medo de ir. Os contrastes que encontrarmos na vida, estes serão por nós driblados e, de mãos dadas com Ele, nada nos levará a nenhum lugar impróprio. As provações da existência nos ensinam a sermos fortes, animam a nossa fé que por alguns momentos nos deixa esquisitos. Não podemos implodir com a descrença nas coisas dos homens, muito menos nas Dele. Perdoar é amar duas vezes, e ter fé no caminho deixado por Cristo é nossa única e grandiosa maneira de nascer de novo livres dos pecados do nosso dia-a-dia.
Quando luzirmos nesse mesmo mundo onde hoje só nos desentendemos, será porque foi-nos dado o direito de viajarmos felizes dentro dos nossos próprios horizontes, bem acompanhados com a vida do corpo e com a vida da alma, nos nossos próprios limites da existência.

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