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cronicas-->O Natal -- 13/08/2007 - 18:31 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Natal

Era véspera de Natal. Fui dormir mais cedo do que o costumeiro. A imaginação dava-me esperanças de que no sapatinho posto sob a cama, no dia seguinte, estariam os presentes trazidos por Papai Noel. Era por demais estimulante esperá-los chegar. Aguardava-os durante todo o ano e, no mês de dezembro, em todos os seus dias. Com toda a força da ansiedade que morava em minha alma, contava até os segundos para ver o meu sonho realizar-se.
Eram vinte e quatro de dezembro de um ano qualquer de minha infància e lá fui eu deitar-me. Procurei fechar os olhos que teimavam em afagar a vigília. Esperei o sono que não tardou e nem vi quando adormeci. Comecei a sonhar com tudo aquilo que esperava bem antes de dormir. Vi lindos trenós que deslizavam por uma densa neve branca que cobria montanhas altíssimas, nalgum lugar lapónico onde levaram os anjos alvirrubros do meu céu de criança.
Durante toda a noite, simplesmente sonhava. Dentro do sonho, construía uma realidade tão bela que, mesmo estando a sonhar sentia-me como se tudo aquilo fosse uma grande realidade. Na manhã do dia seguinte, acordei eufórico e pulei da cama em busca dos presentes colocados sobre o melhor sapatinho que tinha. Escolhi-os na véspera, afagando-os, até.
Minha inesquecível mãe já os tinha posto sobre eles. O sonho se desencantara: Papai Noel se fora e aqueles presentes me manteriam vivo na esperança do Natal vindouro, pelos longos doze meses que me separariam daquele dia. O milagre havia vencido o medo de não sonhar com o bom velhinho. O fenómeno fértil que brotava de minha imaginação era atual e fazia-me uma criança feliz.
Até que o dia se findasse, mesmo a empurrar brinquedos movidos pela fricção, eu ainda podia sentir a maciez das barbas de Papai Noel e sua meiguice. Ainda hoje, mesmo vivendo em um mundo completamente diferente do que vivi na minha infància, não consigo esquecer esses sonhos tão belos. Não espero mais os seus presentes, mas os dou a outras crianças que percorrem, agora bem diferentemente daqueles tempos, o mesmo sonho natalino que antes, só que não consigo esperar o dia fatídico. Dou-me a essas crianças nos trezentos e sessenta e cinco natais do meu ano natalino. Procuro, com esse gesto gostoso de se fazer, não permitir que meus sonhos felizes de criança me deixem e vão-se embora.
Todas as vezes em que o trenó passa, ficam novos sonhos. Eles vêm para ficar. Atravessam a nossa imaginação como se quisessem nos possuir por inteiro. Cá, diante da outra realidade em que vivemos, ficamos a procurá-los noutros céus imaginários. O mais maravilhoso é que eles sempre conseguem nos achar, quase que perdidos no isolamento da descrença, onde sempre pomos nossos sonhos de criança.
Voltar a ser criança é maravilhoso. Receber no coração o velhinho bondoso é esplendido e, para termos tudo isso, só nos faltam a humildade e a fé. O Natal precisa voltar sempre e preencher o nosso dia-a-dia. O trenó é a nossa vontade, e o Natal é o nosso espírito enamorado com as coisas do bem.
A fé precisa minar, independentemente do credo de cada um. Papai Noel é universal, cabe no coração de toda a criança do mundo. Nós, seus pais, é que devemos entender que esses sonhos milenares não podem morrer jamais. Criança deve pensar como criança e gente grande, respeitar seus sonhos. Tirar o direito de sonhar desses pequeninos é nada mais do que nos tornarmos eternos ladrões de sonhos alheios. Se não podemos ser puros ao ponto de encontrarmos tudo isso em sonhos, ao menos deixemos que a criança o faça por nós, livrando-nos, assim, dos nossos eternos pesadelos de não sermos crianças sonhadoras. O mundo precisa delas, muito mais do que de nós, gente grande.

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