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Cronicas-->O Arco-Iris -- 13/08/2007 - 18:30 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Arco-Iris

Com esse arco-íris, nasce uma grande esperança dentro de mim, muito maior do que a bíblica lembrança do velho Noé da Arca. Ele acende luzes dentro de minha alma que desafogam os sentimentos opressos construídos nas sedes da vida, após tantos maus-tratos recebidos da feroz conjugação do verbo sobreviver que todos nós aprendemos a conjugar. Isso deverá mudar rapidamente, pois os rios, antes caudalosos, agonizam secos. As chuvas se escasseiam e nos tiram o verde da vida. Nesse mesmo cenário desolador, ainda enxergamos os arco-íris do céu, com o mesmo brilho, porém com menos representações do que antes. Eles enchem mais diluidamente os horizontes fantasiosos dos nossos sonhos de interpretadores da fé e gnomos das nossas passagens sob eles; pois nos causam certo frenesi a sua aparição, junto à densidade de nossa crença sobre seus efeitos em nós.
Passar por baixo de um deles, diz-nos a crença, faz-nos mudar até o sexo. Será? Vou passar sob um deles em qualquer dia desses. Vejam vocês como eu já estou sonhando...
Vou pór um bom cacho de bananas nos ombros e passar sob um arco-íris. Acho que a fantasia leviana de que nos transformaremos em criaturas com outro sexo não vingará. Será? Receio desacreditar nisso! Talvez, dando essas mesmas bananas que quero pór nos ombros, para nossos irmãos famintos da África ou do resto do mundo, me faça melhor, mais gente e mais sábio, sem dúvida. Sermos mais resolutos frente aos problemas cruciais da humanidade nos fará dormir melhor e aí, dormindo bem, sonhemos com abundància.
Devemos ter limites até no sonhar. O mundo onde vivemos é mais um palco concreto do que retratos abstratos dos nosso sonhos pueris.
A postura no céu desse arco-íris, mágica gravura que brilha com o tempo, é mais do que simplesmente fantástico. Se eu pudesse, juro que o apanharia e o guardaria dentro do peito, após beijá-lo. Iria fazer parte das profundezas do meu espírito e evaporar, quando quisesse, através de minhas lágrimas que porventura saíssem alegres e quentes em qualquer dia de venturosa chuva, quando apressaria o verde dos trapiches reais da terra nos quais me recostaria para poder sonhar.
Resta-me acreditar que tudo o que não for bom, sairá do palco de nossas vidas e o sonho voltará forte e sadio outra vez. Repousaremos em nuvens brancacentas e sedosas do céu, sonhando dependurados nas asas dos anjos, esses mesmos que incansavelmente brilham, sustentando os arco-íris que nossos olhos contemplam sempre que os vêem.
Estaremos, pois em berço esplêndido, na luz misericordiosa da crença que afasta de nós o peso da era incrédula, a qual, fria, passeia no cotidiano do que não fazemos bem. Sem temermos a queda, subimos às nuvens e brincamos com os anjos do arco-íris e, imersos nessa crença espetacular, nada tememos enquanto dura o sonho arquitetado na lucidez dos poucos momentos de sabedoria que ainda conseguimos viver. Voar com as asas magníficas dos deuses em quem acreditamos é hilariante. Construímos esses sonhos, dados quase sempre às noites e é uma pena não possamos fazê-los no nosso dia-a-dia, em plena luz do sol. Esses sonhos nos fogem tão rapidamente! É só começarmos a navegar nos horizontes reais, exigência que a vida nos faz.
A poesia me permite observar esse arco-íris, sentado sob ele, a brincar com seus anjos que, ao suportarem a mim e a eles, reclamam do peso. Não são nada tolos esses anjos. Apesar de viverem do sonho, também conhecem o pesadelo da realidade onde vivemos.
Acho que é bom parar. Já estou sonhando novamente e com muito entusiasmo. Perdi os limites do autocontrole. Sei que não posso viver só assim, pois cometo o pecado da ignorància quando não acredito no real, embora veja meus sonhos como simples colírio.
Mergulhei tão profundamente nas cores desse arco-íris que cheguei a embriagar-me e passar a crer que eu sou um de seus anjos. É hora de parar, reabastecer-se do real, porém sem perder a vontade de sonhar e assim voltar a ser um anjo dentro da criança que nunca perdemos de vista e que mora no nosso ser profético.
Cacei outra ponte imaginativa, outra travessia onírica e não as encontrei. Sou mesmo um grande sonhador divertido com as cores do céu e com a energia dos sonhos miraculosos que esse arco-íris nos deixa sempre. Acho que sonhar é mais do que permitido e necessário ao espírito. Sonhar acreditando nos sonhos e sem tirar o pé do real é reconfortante para o corpo e para a alma. Os sentimentos fiéis que conseguimos ter andam rentes com a realidade que nos acompanha. Viver nos sonhos não é viver só de sonhos. Esses sonhos, esses anjos, esses arco-íris, tudo isso faz com que se evaporem de nós os sentimentos irados que incorporamos com a dureza da vida.
Vou continuar velejando nos arcos do meu arco-íris e esperando que todos esses rios com pouca água me façam encontrar um grande mar caudaloso e ostensivamente reto. A luz desse arco-íris que vejo em sonho e em realidade, me ensina a viver melhor. Se eu não os lembro vez em quando, é porque perdi o poder de resgatar a criança inocente e feliz que abrigo no peito e que tem a mesma idade que eu. Ai de mim não ter esse anjo e esse arco-íris nos meus sonhos!
A vida do jeito que somos obrigados a viver, nos impede de vê-los e sonhar com nossas fantasias. Acordar cedinho, trabalhar duramente, caminhar vigorosamente, gritar à beça, competir impiedosamente, estudar para toda a vida, ser vítima da violência mundana, crescer envelhecendo com o medo da morte, tudo isso não é senão um grande sonho miserável? Eles não passam com a morte? E nossos sonhos não são o outro lado disso tudo? E então, não vale a pena sonharmos? Eu confesso que sim!
Esse outro sonho mau de que me lembrei agora, sem a cor e sem o brilho, nos envelhece e leva-nos à morte da carne, enquanto o outro, colorido e belo, nos desperta para todas as vidas que poderemos ter um dia, bastando, para isso, acreditarmos nela. Nossos céus têm que ser como nossas almas: belos e coloridos, na transparência dos arco-íris que consigamos fazer durante as nossas vidas vividas meio a outros sonhos, que somos forçosamente solicitados a viver. Esse é o preço da existência que pune os que não querem sonhar, mas que nos dá a poesia nas coisas que, procuradas e achadas, nos ensinam a sonhar. Sonhe, porque não me é permitido sonhar por você!

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