Usina de Letras
Usina de Letras
11 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50671)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->BEIJO ROUBADO -- 25/07/2016 - 15:06 (Jeanne Martins Nascimento) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


BEIJO ROUBADO



Camélia é uma menina alegre, olhos verdes intrigantes, dessas meio avoadas, que acreditam que príncipes encantados usam camisas de renda e ternos de veludo verde-musgo e que sempre chegam em alazões. Que são gentis, adiantam-se abrir portas e puxar cadeiras; beijam as mãos ao chegar, muitas vezes com os joelhos no chão, sempre olhos nos olhos da amada!

Foi apresentada a José, por um amigo do grupo escolar. Porte de príncipe? Nada disso! Um Zé ninguém, magricela como tantos por aí... Uma timidez de dá dó.

Ah, que poder tem a imaginação! Penso até que a capacidade imaginativa de cada criatura esteja diretamente ligada ao coração, sequioso de afetos, em sua interminável busca da cara-metade!

Porém, Zé olhou-a de maneira habitual que rapazes olham as moças bonitinhas, principalmente as ingênuas, olhar de gato que viu camundongo amedrontado... E preparou o salto!

Camélia não é dessas meninas vulgares tão comuns hoje em dia, que feito borboleta desatinada pousa aqui, pousa ali, sorvendo néctar sem polinizar a flor para que venha a frutificar a seu tempo! Deu-lhe logo um passa-fora, tipo salto agulha bem colocado no lugar certo (salto agulha tem tanto poder de ferir quanto o punhal que meu pai me deu...).

Os morcegos vampiros são uma minoria bem pouco expressiva, levando apenas a fama de sugar o sangue de indefesas presas até a morte! Na sua grande maioria alimentam-se de frutos ou néctar. Alguns beijam as flores noturnas salpicadas aqui e ali. Sua língua comprida alcança o profundo cálice de alguns tipos de flores da noite. A flor, de sua parte, se entrega à estranha cópula e, logo após, desprovida de seu néctar, fenece! Ao primeiro raiar do dia, definha lentamente, para que surja de seu pedúnculo um fruto colorido e suculento, que por sua vez atrairá outras espécies de morcegos, os que se assemelham a passarinhos. Talvez poder-se-ia definir assim, um soturno morcego, esse tal Zé.

Em cada um desses arroubos de paixões tão primitivas, as criaturas em busca da sobrevivência, seja borboleta, morcego ou flor... Sempre presente, ele: o beijo!

Então começou o jogo! Insinuações e provocações de ambos os lados. Adversários de igual quilate, medindo forças a todo instante. As armas? Sagacidade, perspicácia e sorrisos. Que sorrisos tem Camélia! Capazes de desmontar qualquer timidez. De tirar da marcha qualquer pelotão, por mais que o capitão insista em manter o compasso ao rufar dos tambores.

Pouco a pouco, quebram-se as resistências, percebem-se outros olhares, admiram-se, enternecem-se ...

"Mas eis que o destino, mestre em dar nós..." descobre a pobrezinha que ele, noivo de Margarida, a enganava deliberadamente!

Efervescência de sentimentos, amor, ódio, dor... Todos se sobrepondo ao mesmo tempo.

Cada qual pro seu lado. Passam-se os anos, Camélia dona de si, do mundo, da família....

O tempo age silenciosamente, conspirando sempre em favor das criaturas...

Repentinamente dobra uma esquina e lá vem o "destino mestre em dar nós"... Cara a cara, os dois! Assim, de supetão! Verde e preto! Olho no olho! Verde olhos de Camélia... Negros olhos de José! Mesmo brilho, mesmos mistérios, mesmo rufar dos corações.

Sem amarras para amar, saem pela praça, caminhando tranquilos, relembrando a juventude distante... Lembranças aprisionadas na mente! Rebusca na memória um momento quase perdido nas rodas do tempo...

Zé, eterno romântico-tímido, sugere:

"Me dê sua mão! Feche os olhos...”

Ele apertou forte minha mão... Prendi o fôlego! ...Pensei que fosse me roubar um beijo!

...”Ouça o canto das aves, sinta o vento no rosto, o perfume das flores.... Guarde para sempre esse momento, nesse lugar mágico, só nosso!"

O soturno Zé sugou todo o meu néctar e tal qual a flor renasci para o amor.





Colaboração de João Rios Mendes


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui