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Cartas-->Carta-retrato -- 13/04/2004 - 12:33 (Isaias Zuza Junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Cada fotografia, cada gesto contido em cada palavra após outra no movimento dos olhos, de quem vê e de quem é visto, forma um um texto, a costura dos dias, das horas, minutos, de todos os movimentos na película do globo e da íris, recoratando por fúria e lentidão a flor, a chuva, o tremer da terra e o circular do mar de forma revolta. Mas eu não chorei, eu não fugi. Fui atrás também não. Tudo o que eu fiz foi ver, às vezes nas mãos tocar quase que fugindo. Um sorriso é coisa de repente, uns olhos, fazer passar em frente de nosso querer ficar parado e somente enxergar.
De tanto deixar acontecer eu me apaixonei. Não sei meus números. Sei que vi laivos nos olhares mais escuros, mais claros, mais largos. Avistei passos atrás de mim, passos de dama desconhecida, poucas as vozes, poucas as palavras detidas nuns nomes de meninas envolvendo corpos dissimilhantes. Quem era menina? Quem era mulher? Quem sabia que eu fiz poesia?
Tudo no caminho é de desviar. Desvio eu, desvias tu, desviamos-nos todos quando duvidamos, se tudo é de duvidar. Surgem fatos, sonhos feitos de querer que assim não queremos. Mas tudo parece de amar. Pode haver a lentidão, a fúria, por meio dos dias criar condições, morrer de conquista, porém um retrato que se guarda, seja onde for, lembranças, qualquer coisa que seja de não perder as intenções do amor que se tem em si e em outro, é uma alma presa a nós por dentro. Aí há maior querer, por que há olhos. Nas lentidões e nas fúrias o que existe é somente desejos que começam a se perder, uma vez que tudo o que se obtém não passa de matéria para se viver a pele das coisas, meu ser..., e nisto há cegar. Esquecemos que a vida é morrer em cada instante, a partir do momento em que nascemos. Logo, o que se tem em vida é matéria para se morrer. Mas os retratos contam estórias para o futuro que não sabemos, para as pessoas que nunca veremos.
Se eu só fiz poesia foi para mostrar que sou imortal nas veias de Deus, quem fez nascer imagens num pouco de papel branco sob luzes vermelhas, misturando sangue, paixão e inocência. Aqui não existe barro, não existe sopro, talvez vaidade sim. E ainda pode ser que haja a estória de uma vida real sendo inventada. Tinta, trabalho de colagem, muitas telas e objetos de arte, nada mais que isto basta para a beleza, o amor e a viração dos dias em seu trabalho devagar, como quem pensa um concerto, um compasso como fosse a vida dos homens.
Por tudo isso fazemos escolhas. Seu fiz só poesia foi escolha minha. Mas para quem foi? Quando escrevi só poesia? Foi para ti? somente as que me recordo de tua face, de teu inteiro em cores, lassos os gestos, lentos a para num retrato. E foram retratos do alto de céu e do fundo mar, do centro da terra e da chama do fogo, mais embravecidas todas as naturezas humanas e sobrenaturais que eu fiz. Descobri que havia somente uma figura contornada de traços finos, traços leigos, que me fazia comoção em toda minha natureza de traços grossos, traços de sempre procurar, sempre encontrar máquina de calcular os homens, mas nunca de guardar como são os funcionamentos de seus desenhos num papel de contar estórias. Por isso procurei alguém, se pensei em amores. Nada, foi o que avistei. O que se dá em mãos perde-se na contagem dos dias. Quem era de me fazer viver não era eterna, nunca foi amor. Por isso vi quem era que caminhava por entre flores e por entre o ar, etérea não, sempre dona de uns passos. Só por isso fiquei agora, e não fugi. Por isso eu procurei. Por isso eu encontrei quem era de fazer morrer, levar seu rosto para a estória num retrato, num giz de cera, papel de tingir com letra-a-letra o que foi que de ti pensei, eterna, Isabela.
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