(Gregório de Matos)
A Jesus Cristo
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,/ Da vossa alta clemência me despido;/ Porque, quanto mais tenho delinquido,/ Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,/ A abrandar-vos sobeja um só gemido:/ Que a mesma culpa que vos há ofendido,/ Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada/ Glória tal e prazer tão repentino/ Vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,/ Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,/ Perder na vossa ovelha a vossa glória.
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