UM CORDELISTA DE TARJA PRETA
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
Passei aqui de passagem
Sem furar a santa greve
Mas trago a tarja no peito
Pretendo ser muito breve
Agradeço aos companheiros
Os versos alvissareiros
Apoiando quem escreve
Em prol da nossa cultura
Angariando amizade
Aprendendo com os mestres
A escrever de verdade
Sou aprendiz de escritor
Eterno amante do amor
Falo com sinceridade
Ando triste com o sítio
Que anda meio truncado
Tem gente sujando o muro
Tem cabra mal educado
Poluindo o ambiente
E ainda fica contente
No banheiro acocorado
Soltando sua fumaça
Sua “obra” incomoda
Não fala coisa com coisa
E acha que está na moda
Triste do ventilador
Que espalha esse odor
Parece um pinto na roda
Triste estágio da Usina
Está andando pra trás
Tem gente lavando as mãos
Agradando o Barrabás
Big Brother piorado
Todo mundo chateado
Com o jeito do rapaz
Assim começou a greve
Movimento paredista
De natureza poética
Parou todo cordelista
Escritores consagrados
Outros menos afamados
Todos na mesma pista
Em busca de um direito
O direito consagrado
De ir e vir com seus versos
Sem ser vilipendiado
Ver uma turma crescendo
Em torno do nada tecendo
Palavrão enferrujado
A greve está crescendo
Por tempo indeterminado
É justa e coerente
É esse o desejado
Na forma da legislação
Direito do cidadão
Direito de ser respeitado
Até que a justiça decida
Sobre a legalidade
Nada será como antes
Perde a comunidade
Em sonhos e esperanças
Velhos, jovens e crianças
De tudo que for idade
E para ser mais sincero
Deixo aqui esse refrão
Poetas e escritores
Unidos pela paixão
Jamais serão vencidos
Jamais serão esquecidos
Esta é minha opinião
O movimento é bem justo
Tem sistema de plantão
Pra atender as urgências
Ditadas pelo coração
Há poetas enlutados
Com trabalhos divulgados
Em respeito ao cidadão
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NOTA DO COMANDO DE GREVE. Agradeço a todos os amigos e amigas que, de uma forma ou de outra, encaminharam palavras generosas acerca do meu aniversário, ocorrido dia 09 de abril próximo passado. Não citarei nomes, para não ferir suscetibilidades. Muito obrigado a todos. Espero que a greve seja breve, e que possamos todos refletir e, quiçá, reencontrar o caminho da humildade e da amizade que deveriam ser a tônica de um site voltado para a literatura e a troca de idéias. Forte abraço para todos. Todos. Domingos. Em estado de greve. De tarja preta no braço direito. 12 de abril de 2004.