A LÍNGUA DO PRESIDENTE
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
Fica abaixo do nariz
A coisa do grilo falante
O seu discurso dá o tom
Do improviso berrante
É maior que a da gente
A língua do Presidente
A fala deselegante
O encaixe imperfeito
A denúncia de improviso
Fuxico fora de hora
Muita falta de juízo
Sem lenço e documento
Falta de discernimento
Governar não é preciso
Não vale o que’está escrito
O papel fica de lado
E o nosso companheiro
Parte pro improvisado
Lembra logo do Fernando
Sua língua vai soltando
Capricha no seu recado
Todos ouvem sua fala
Mas o delito é negado
A culpa é da imprensa
Pelo que foi publicado
Tempestade em copo d’água
Reflete a sua mágoa
Reclama desesperado
Mas a chuva continua
Alagando seu recado
Sua turma entra em cena
O fato é minimizado
Auxiliam na defesa
Dizem com toda franqueza
Há um “mal-interpretado”
Ameaçam o Fernando
De reabrir a Comissão
Sobre todo o processo
De certa privatização
Melhor é ficar calado
Deixar tudo arquivado
Pra não dar mais confusão
Mas o Fernando é vivo
Optou pelo extremo
Não se prestou a suspeito
E recorreu ao Supremo
Quer apurar a verdade
Sem qualquer temeridade
O homem parece sereno
A turma ainda promete
CPI pra todo lado
Vai ser bom pra todo mundo
Ruim pra indiciado
Que tiver,preso, seu rabo
Vai pedir ajuda ao diabo
Que também é deputado
Se tudo vier à tona
Tudo for esclarecido
O povo fica contente
E o mal é combatido
O Brasil passado a limpo
E o ouro desse garimpo
Terá que ser devolvido
De algum paraíso fiscal
Conhecido do doleiro
É grande aquela fortuna
A montanha em dinheiro
Do nosso solo tirado
Do orçamento roubado
Foi parar no estrangeiro
Este jogo é decisivo
O Lula mais o Fernando
Não fica no zero a zero
Vai acabar ajudando
A descobrir o ladrão
Dando-lhe voz de prisão
Todo mundo sai ganhando