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Cartas-->Carta de primeira essência -- 11/04/2004 - 16:37 (Isaias Zuza Junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carta

de primeira essência: como são os elementos da fúria e da lentidão, do desenho de giz de cera, constituição do amor da gente



Inicio por te amar. Escrever é sempre motivo de morte, que nunca sabemos onde vamos chegar com nossas conclusões; mas sempre chegaremos a um fim, ainda que não satisfatório. E causa dor, e esvai alguma coisa de corpo, de dentro. E a vida, feita do que se morre, treme em trama, sem parecer lógica, sem perecer rápida. Como as mãos do escritor, como, um conhecer o objeto do desejo, devagar para sempre, e não saber porquê; apenas para sentir direção do que se vive, ainda que se viva apenas de morte.
Uma carta nunca será coisa de saber exato. Ela não representa a face, a dúvida e incerta coragem que só se sabe após ter-se como nada a perder uma vez que fica a si como não poder ser outro e coisa; sabe ter que viver, e assim faz o que não está ao alcance da fotografia e lentidão da fúria dos olhos. Acredita arriscar, e arriscando não escreve mais nenhuma carta, porque agora já sabe exato a coisa.
Contudo, eu escrevo esta carta para dizer que te tenho mais do que a morte e o sopro da vida. Te amo cansado, com o corpo lento, a mente fugidia, o sol raiando, e as estrelas sem eu ver. Tenho olhos somente para ti, ainda que longeficar é este meus pés levando-me errantes caminhos de onde longeficar este teu refúgio de vida e circustância de mero acaso estar onde não sou.
No cerco que separam as terras, e grades que carregam quatro paredes, toda atitude gasta tempo conforme o tempo que pode alguém passar preso e longe. Para não se esquecer, e não ficar louco, é preciso não pensar, não questionar. Nada vale a pena, que escrever sempre faz pergunta que tem o jeito de conter um acontecimento qualquer como ser comigo também saber. Ser o outro que é do mesmo levantamento e tremor da terra, mesma causa da origem do que nunca fora espaço, matéria, tempo, e desenho, e teoria, e fúria, lentidão...
Não há tempo para amar e amamos sem haver tempo, deixemos o que é certo para fazer no momento certo, como se usa a roupa da moda. As voltas que cada instante de palavra, e cada instante de olhos dão são diferentes das volta do mundo, que sempre volta ao seu lugar. Já as palavras fazem cair os céus, elevar as vontades; os olhos fazem para sempre, são para nunca sempreficar, levar ausência; unamos os fatores como quisermos.
Se alguma vez eu recebi uma carta, pude então atentar para a alma as estrelas que dentro de ti, e pude entender que não passa de um pouco de uma pessoa normal, corpo de mulher, desejada as pernas dentro, aberta boca, sentires juntos o que foi feito para oposto completar; nunca mais sensitiva silenciosa...
Eu sou matéria e número, como qualquer e todo alguém, algum, algumeração das coisas...; e você que voa e cai do céu, tal qual borboleta, não escapa da fórmula da ciência do que é sob todas as formas um modo de caber na madeira e na carne. Seja qual for o vento que te envelhece, e te derruba, e te quebra, suas linhas são três dimensões indicando o que é.
Se eu te imaginar, eu não te tenho. Se eu a tiver nunca mais te imagino fora. Se te possuir dentro, te faço ser por dentro um pouco de mim; a mesma substância que me causa duvidar, e me causa acreditar deixarei de herança para quem chegar à vida após levar de mim só as cartas, o que eu deixei – porque você morre e nunca mais te verei, eu morro e nunca mais me verá; assim nunca mais seremos um dentro do outro em grito e marulho o prazer trocado – o que você venha por ventura deixar, caso não disser que o amor provoca o sexo dos homens sem que seja necessário ao léu de uma pena e de algo ser mão um pedaço de papel, uma mensagem.
Amor meu, te faço carta com meu jeito, meu conteúdo de dizer-te o que te sei por mim, minha forma de aqui existir como quem não sabe amanhã só sabendo sua existência, mas de amor nunca a minha, como serei e, por isso, só quero agora e amanhã quando for agora como ontem foi agora e só o agora é eterno e sempre acaba dessa nossa maneira de amar de gente humana e gente objeto. Termino por te amar, Vanessa.
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