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Contos-->A COR DA PELE -- 18/02/2016 - 01:44 (SALETI HARTMANN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Duas crianças brincavam despreocupadamente na areia da praia, uma de cor negra e outra de cor branca. Brincavam com tanta alegria, como se tivessem a vida inteira para ser felizes juntas. O menino da pele negra brilhava ao sol pela sua cor de ébano, e o menino de pele branca construía o seu castelo, sem que nenhum deles lembrasse da cor da pele.
Ambos eram uma visão contrastante, mas harmônica, porque sorriam e se ajudavam na brincadeira com a areia. Passaram o dia brincando juntos, e no outro dia se encontraram novamente. De repente, era como se fossem dois irmãos, sem a consciência de negritude e de pele branca. Brincavam como filhos da vida, sem notar o mundo dos adultos.
Até que, um dia, um desses adultos distantes, passou pelos dois meninos, parou e sorriu. Olhou para a pele negra e para a pele branca, e não para a infância que estava à sua frente. E a pergunta inevitável:
- Vocês são amigos?
E os dois responderam prontamente:
- Somos!!! Porque?
- Porque negro e branco nunca se entenderam... só por isso.
As duas crianças olharam-se, surpresas, como se estivessem se analisando pela primeira vez. O menino cor de ébano olhou, surpreso, para o seu amiguinho e depois para si mesmo. Depois, indagou curioso:
- Moço, o que é branco e negro?
- É a diferença da cor da pele de vocês dois. O outro é tão branquinho e claro, e você é negro: brilha como a noite. Só isso...
O estranho adulto continuou a caminhar, seguindo o seu caminho na areia quente da praia. Os dois amiguinhos se olharam, surpresos. O menino da pele negra olhou novamente para si mesmo, depois olhou para o garoto de pele branca. Colocou seu braço escuro perto do braço claro do amigo, e pediu:
- Você se importa de eu ser negro assim?
A que o menino branco respondeu, prontamente:
- Se você não se importa que a minha pele seja clara...
Os dois olharam-se e sorriram. E recomeçaram novamente a brincadeira de construir castelos na areia. Novamente, esqueceram-se de si mesmos, da cor da pele que os diferenciava, e eram somente duas crianças vivendo a infância com alegria. Mas, dentro da mente de ambos, começou a latejar o pensamento escondido, de que um era branco e outro negro. No entanto, ambos tinham uma leve sensação de liberdade, porque a cor da pele não importa, quando se quer amar o outro de verdade.

Saleti Hartmann
Professora/Pedagoga e Poetisa
Cândido Godói-RS
Comentarios

Jan Muá  - 25/08/2021

A autora conseguiu criar uma linda história que relata a amizade inocente de duas crianças marcadas pela diferença da cor da pele sem que disso elas tivessem consciência. Mais forte do que a cor da pele era a amizade pura e o gosto de brincar juntos, da maneira que gostam de brincar as crianças. Aconteceu porém que, tal como aconteceu com Eva e Adão no Éden no caso da intervenção da serpente que atrapalhou suas vidas para sempre, assim o adulto desta história intervém como elemento potencialmente separador na amizade inocente das duas crianças ao lembrar-lhes que "nunca negro e branco se entenderam"... Parece esta intervenção do adulto um veneno igual ao da serpente do Paraíso Terreal. A diferença entretanto foi que no caso de Eva e Adão houve uma declarada traição à ordem divina partiram na aventura de quererem ser deuses. Os meninos da história, ao contrário, ignoraram a cizânia lançada entre eles irresponsavelmente pelo adulto e preferiram continuar a brincar despreocupados como "filhos da vida" sem se importarem muito com a cor da pele. A condição humana os unia e com sua atitude deram um exemplo magnífico ao assumir atitude autônoma longe da opinião da massa ignorante. Exemplo bonito no âmago desta alegoria infantil.

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