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Cronicas-->Guarda por Um Dia -- 06/07/2007 - 10:40 (Ivan Guerrini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Andando um dia na rua encontrei alguma coisa caída no chão. Bem curioso, aquilo peguei e sem querer esfreguei minha mão". ("O Gênio", Roberto Carlos)

O gênio me apareceu em sonho e me fez guarda por um dia. Disse que era um antigo sonho meu e que estava me concedendo esse desejo inconsciente. No sonho, então, eu era um guarda num longínquo país chamado Faz-de-Conta. O guarda em meu sonho era, inicialmente, um policial de trànsito. Lembro-me que estava numa reunião da cúpula da corporação e ouvia uma instrução para multar sem dó quem passasse uma vírgula da velocidade máxima. Afinal, essa era nossa fonte de arrecadação, nosso tributo aos superiores que, aliás, não precisavam prestar conta do arrecadado nas multas. Não ouvi o superior falar em erros acidentais e sistemáticos nas medidas de velocidade e fiquei pensando se ele sabia o que era aquilo, tão necessário em qualquer medida experimental. As ordens eram no sentido de aproveitar os radares disfarçados para multar. Saí da preleção e fui fazer minha ronda do dia. Parei no supermercado e comecei a multar quem parava torto e fora das faixas, tomando o lugar de dois carros. Foram multas e multas. Na frente de escolas e igrejas, mais ainda. Depois, no trànsito, comecei a multar os que têm gens de tartaruga e não saem da esquerda. Aí, parei num sinaleiro. Multei uma moto atrás da outra, porque elas simplesmente cortavam todos os carros pelos dois lados e paravam na frente desses, sem nenhum respeito. Depois fui para uma avenida larga e comecei a multar veículos que jogavam fumaça preta no ar. Demais, demais, o número de caminhonetes, caminhões e ónibus que esfumaçavam o ar, mesmo carros oficiais. Precisei de vários blocos de multa. Ao voltar para o QG com o aguçado dom de perceber além das aparências que o gênio me dera, não resisti e dei uma passada pela universidade. Comecei multando os plagiadores de trabalhos científicos. A multa era tão maior quanto mais escondida era a prática. Para os que eram pegos em flagrante, menos multa, as notícias já bastavam. Para os que plagiavam na surdina, mais multa. Multa também para os que conluiavam com colegas para trocas de nomes em trabalhos, do tipo, "eu ponho seu nome, você põe o meu". Depois, mais multas para quem pratica os milagres da "multiplicação dos trabalhos" só para engordar currículo. Mais multas para quem faz dos orientados aprendizes de robós, deixando-os a desempenhar uma rotina idiotizante que ensina nada sobre nada. No final de minha passada pelo portal do conhecimento, ainda não pude deixar de autuar os professores que se acham donos da vida do outro, gritando esquisofrenicamente com eles e rebaixando-os moralmente, relembrando cenas da inquisição da idade média. Para esses, além das multas, uma leve lembrança da vigência imprescritível do efeito bumerangue. Finalmente voltei ao QG. Levei bronca. E que bronca! Ouvi de meu chefe que não havia multado ninguém por excesso de velocidade e que isso era uma vergonha para a corporação. Depois, também ouvi que eu não tinha nada que multar ninguém na universidade. Afinal, no Faz-de-Conta o "modus operandi" dos poderosos acadêmicos ressoava com os poderosos da política e era para deixar quieto. Quase fui punido. Ainda bem que acordei em seguida e respirei fundo. Antes, ainda deu tempo de ver o gênio dando tchauzinho com um sorriso maroto.
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