Meu amigo Arlindo Reis,
eu tenho de lhe contar,
que ontem depois da festa
do meu casamento acabar,
fui contente lá pra casa,
pra minha noiva tomar,
quando vi pra meu espanto,
que a cobra passou por lá,
a menina era muié,
nunca fez de me avisar,
não sei mais o que fazer,
arretado eu tô demais,
eu levei gato por lebre,
e ela ainda quis chorar,
xinguei muito, fiz barulho,
ia o pai dela acordar,
mas Palmira, envergonhada,
começou a me implorar:
"-foi somente uma vezinha
você pode perdoar!"
eu queria bater nela,
que corria sem parar,
agarrei o seu cabelo,
que raiva daquele olhar,
o rosto todo molhado,
de tanto, tanto chorar,
eu queria então o nome
que veio a emporcalhar
o noivado, o casamento,
e tudo de bom que há
nas idéias desse homem
que na sua frente está,
confessada a canalhice,
inda assim não vou ficar,
sem a muié que eu adoro,
é fraqueza, mas não há,
outro jeito de viver,
se a Palmira eu dispensar,
dito isso, caro amigo,
não posso lhe desculpar,
encoste naquele muro,
pra moral dela limpar,
o tiro vai ser certeiro,
sem perigo de entortar,
que viaje o meu amigo,
daqui pra outro lugar,
vai rezando, eu passo fogo,
e volto pro meu lugar,
que é a cama tão quentinha,
com chamego a me esperar,
corpo farto e coxa quente,
sem passado a me atentar.
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