Violeta Fúnebre!
Delasnieve Daspet
.
Estamos a deriva. Um navio solto neste mar de loucura.
Sem vento que nos leve a outros portos.
Os meus olhos, enxergam e não acreditam
Que o nosso chão cede e segue.
Aquilo que todos diziam – aconteceu!
Uma gotinha de alguma coisa. Invisível. Nos isolou.
Nos roubou o riso. O abraço. A jovialidade
Do mundo das trevas, distante,
Que já produziu várias pestes, envoltas em mentiras,
Veio a coroa fúnebre para a Humanidade.
Foi assim com o SARS, Gripe Aviária, Peste Negra.
O Apocalipse se instalou. Os filmes se tornaram reais.
É a realidade que nos permeia . Já não existem cotas.
Diferenças de classes. De etnias. Ricos ou pobres.
Fomos nivelados e igualados. Não existe mais o aperto de mãos.
Todas as nações se protegem. Se fecham. Mas se igualaram.
O mal vem pelo ar. E, todas choram seus mortos.
Os valores mudaram. Tudo fechou. Estamos enclausurados.
A reflexão nos faz repensar a importância das coisas.
Redescobrir a essência. A caridade e a unidade.
A vida, mostrou-se o principal valor. É importante estarmos juntos.
Isolados, morreremos.
Pelos caminhos do mundo o povo é massa e submisso. Está amedrontado.
É uma folha que balança ao vento e se dobra de forma selvagem.
E descobre na sua fraqueza a força.
É o sonho que o mantém vivo. É um sobrevivente trágico, épico, infinito.
E se juntam nos campos da Terra. Buscam sua hora de colher.
Buscam a paz e a serenidade. Esperam cruzar este momento.
Esperam a chuva que haverá de lavar todas as impurezas dos homens.
Esperam a grama crescer.
Somos a criação do Senhor. De infinita beleza.
Hoje, estamos violeta-fúnebres, por ação dos homens.
Nos aguarda, um feio pôr-do-sol de um feio entardecer.
O arco-íris surge no final.
Campo Grande - MS, 21 de março de 2020
|