O Rio
Límpido como o véu da noiva brota do chão.
Rolando vai, quieto e as vezes desperto.
As vezes arranca árvores e tetos.
Por esta vida rola o rio, serpenteia indiferente e brando.
Dá de beber, move engenhos, suporta barcos e carreia lenhos.
É adulterado, esgôtos malditos.
Mas cantando vai uma triste canção.
Nunca deixa de lado seu remanço predileto.
Rega as varzeas fecundando os arrozais.
Espreguiça-se na fóz parece que olhando o mar.
Parte trovejante acima engalfinhando-se numa luta soberba até sentir águas calmas e ligeiramente salgadas.
O mar reclama, mas não tem jeito, o pequeno superou o forte.
Dá de beber sabe-se lá, a seres vivos que não suportariam aguas salobas, acaricia o mar e e jogado de lá para cá.
É reciclado, vira vapor, viaja com as nuvens até a terra seca.
Molha a Terra e brota novamente como o véu da noiva para enfrentar novamente o mar.
Don Corvo
17/09/98
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