Madrugada Vermelha
Acordei e voltei à minha caverna e na brecha do brechó, uma Luizinha abrindo um raio à clarear um livro velho com suas páginas encardidas, achado no lixo de um prédio de uma metrópole, sentei no canto e lá senti saudades do meu útero Manguaba minha Lagoa mãe natural, livro com um título interessante: O lobo da estepe,de Hesse. Era manhã e sonolento, eu estava. No silêncio da madrugada, saía na calçada das estreias avenidas Universal, assentindo o choro natural dos céus no sereno. Na viagem de Rá, filho chora e pai não ouve. Era Recife e os neons coloriam-me as caras pálidas e gente no cais da Rita Santa. À noite, o vuco vuco nos bares. Povo esbanjando alegria de uma dor a cada olhar, um rosto que o tempo borrara com a frieza natural tempo. A agonia na chegada da alvorada, fazia a carcaça por gravidade, pesar. Buscou acomodar o dilacerado corpo na sombra de um gigante mecânico zepelim que fazia sombra temporária a luz Deus no calendário pendurado em umas das rodas do monstro humananimal de asas assustadoras. Precisava apagar e morrer num instante, enquanto inquilinos do meu ser, trabalharam sem cessar a cada pulsar humano. E lá, ouvi uma voz de uma companheira da batalha noite, cantar na agonia do silêncio Mulher: “Povo passa,reina a vida.” Nada vi, simplesmente dormi....
Autoria: Marcos Alexandre Martins Palmeira
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