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Artigos-->O maior poeta popular do Brasil -- 20/02/2003 - 15:28 (Fernando Garcia de Faria) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Poucas obras de vida na história da MPB foram tão intensamente produtivas, como a de Noel de Medeiros Rosa. Durante seus oito anos como músico profissional, compôs cerca de 250 músicas. Algumas delas, lembradas até hoje em shows, salões de baile de carnaval ou mesmo cantaroladas por uma legião de fãs; entre elas "Filosofia" (1933); "Com que roupa?" (1930); "Feitiço da Vila" (1933), "Cem mil réis" (1936); "Não tem tradução" (1933); "Samba da boa Vontade" (1931), entre muitas outras.Noel compôs em parceria com muitos "bambas" — como eram chamadas as principais personalidades da malandragem — Vadico, João de Barro, Cartola, Ary Barroso, e também aproveitou a inspiração quando solitário.A obra noelrosiana tinha como temática a vida difícil de uma maioria que sustentava o país e tinha de se virar com "pirão de areia". "Com que roupa?", por exemplo, mostra uma realidade em que faltam artigos básicos de sobrevivência, num Brasil que entra na década de 30 atolado na recessão pós-crash de 29. E que mesmo nesta miséria "viver alegre hoje é preciso". O bom humor sempre esteve presente, até mesmo quando se tratava de sua segunda importante temática: a mulher. As musas inspiradoras de Noel, nem sempre eram tranqüilas e perfeitas. Traíam e humilhavam o homem. Depois de uma desilusão amorosa, ele compôs junto com Sílvio Pinto, "Com mulher não quero mais nada".Longe do brega, suas composições têm uma firmeza popular, tanto na hora de falar do social como das relações entre homem e mulher que nem sempre apareciam como mil maravilhas. Os versos compunham uma apreensão da realidade que, em um de seus necrológios, foi intitulado o maior poeta popular do Brasil, tinham a cadência do samba do morro e um clima urbano, como quem tivesse questão de mostrar a modernização crescente e as mudanças por que o Brasil passava naqueles anos.O malandroNoel tinha um defeito no queixo provocado por fórceps utilizado na sua retirada da barriga materna. Que o deixou com parte do maxilar paralisado, característica que o fez adquirir o apelido de "queixinho" na escola. Seus amigos deram muitos depoimentos sobre a sua personalidade tranqüila e produtiva. Seu defeito na face o deixou quieto, falando somente o necessário. Seus dentes viviam doendo. Alimentava-se às escondidas, pela vergonha do movimento sofrido da boca que deixava à mostra o mastigado; e mal, apenas coisas macias e muito líquido. Bebia muito. Mas depois daquelas primeiras horas na roda de amigos na mesa de bar, o poeta expunha seu humor sarcástico, pontiagudo e criativo.Quando menino, tinha paixão pela música e idolatria pelos malandros dos morros cariocas e suas músicas. Isso influenciou diretamente seu estilo e forma de compor. Na adolescência freqüentava os mesmos lugares que os malandros, como cabarés, prostíbulos, orgias e noitadas. Essa prática o colocou em contato com grandes sambistas de sua época e fez com que suas músicas fossem reconhecidas e gravadas.Em 1932, Noel trabalhou na rádio Case. Com o sucesso, em 1933, abandonou a faculdade de medicina no segundo ano. Entre 1935 e 1936, compôs canções para o filme "Alô Alô Carnaval" e, em seguida, para o filme "Cidade-Mulher", de Humberto Mauro.Adversário do casamento, namorou muitas mulheres ao mesmo tempo, viveu paixões e desilusões. Forçado por sua mãe dona Marta, casou-se sem convicção à fidelidade com Lindaura Martins em 1934. Mas sua amante mais querida era Ceci, que foi homenageada com a "Pra que Mentir", música que só foi gravada em 1939 por Sylvio Caldas.Crítico do governo de Getúlio Vargas, Noel o ironizou em suas apresentações e músicas, um exemplo é "Espera mais um ano" que critica a lerdeza dos órgãos públicos e "Onde está a Honestidade?" que mostra decepção com a Revolução de 30.A bebida, a boêmia e o cigarro corroeram sua saúde levando-o à fatal tuberculose, que o vitimou aos 26 anos. Em muitas dessas noites compôs duelos musicais com adversários improvisados e malandros intolerados.Noel foi assim, polêmico, talentoso, brasileiro... E permanece atual. Há ainda uma realidade muito parecida, no Brasil, com a que o poeta cantou. Mais de 54 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, sem saber do futuro, sem saber com que roupa irão.Sua obra no carnavalO maior sucesso de 1930, e estendido para 1931, foi "Com que roupa?". A música mostra que até o "malandro" tem de ir à luta e se "reabilitar" porque o dinheiro não está fácil de ganhar. Em 1932, lançou "A... E... I... O... U..." com Lamartine Babo. Uma marchinha irônica que disputou a boca do povo com "Teu cabelo não nega" do mesmo Lamartine. "Feitiço da Vila" foi o grande sucesso do carnaval de 1935. Composta no ano anterior, com Vadico, homenageia a Rainha Primavera do ano, Lela Castle, de Vila Isabel. Um hino à sua Vila.
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