Não se pode definir uma linha de política econômica sem antes analisar o contexto macroeconômico em que essa economia está inserida, sendo suas variáveis formadoras e não simples subterfúgios do pensamento econômico em ação. O Brasil vinha de longos laços econômicos com a Grã-bretanha, recebendo a maior parcela de investimentos desse país. Mudanças estruturais na corrente história mundial afetaram significativamente as posições relativas das principais potências econômicas, o que gerou uma crescente queda dos investimentos britânicos e uma súbita ascensão dos investimentos de origem Norte Americana.
Com a crise de 1930, e a queda dos preços de exportação, o governo provisório adotou uma política que hoje é admitida como pré-keynesiana, por suas características intervencionistas, principalmente adotando políticas fiscais de gastos públicos, onde o governo comprava café para uma posterior destruição, na tentativa de garantir os lucros dos grandes empresários, fato que se afirmava em curto prazo, mas que seria extremamente maléfico em longo prazo.
O governo provisório adotou uma política econômica que privilegiava a indústria nacional com algumas proteções sobre a concorrência internacional, e proibiu a importação de alguns bens não essenciais, dando vantagens para aquisição de máquinas, fato que fez com que a quantidade importada diminuísse, mas seu montante aumentasse expressivamente devido ao alto valor dos bens demandados.
A identificação de Getúlio Vargas com os regimes fascistas da Europa gerou um aumento significativo das exportações brasileiras para a Alemanha e outros países então excluídos do eixo comercial que girava em torno da Grã-bretanha e Estados Unidos, o que causou enormes pressões internas e externas para que o governo decidisse a favor de uma das vertentes. Mas Vargas exercia uma política bilateral com os dois eixos, prometendo aos Estados Unidos cancelar os acordos feitos com a potência alemã, e renovando com a mesma. Essa capacidade política de atuar na linha de fogo ocasionou em curto prazo um relativo aumento no saldo da balança comercial brasileira, mas um outro efeito estava acontecendo imperceptível: o Brasil acumulava divisas que posteriormente seriam inconversíveis, diminuindo consideravelmente suas reservas monetárias.
A consolidação do poder central e a relativa proximidade com o eixo comandado por Hitler chegaram aos olhos dos Aliados como um iminente perigo para o mundo, o que causou fortes obstáculos para Getúlio Vargas no poder, até que conseguiram derrubá-lo com a justificativa que os Aliados não poderiam manter relações comerciais com países que possuíssem ditaduras como forma de governo, tendo em vista a luta pela preservação da democracia na Europa.
O Brasil sonhava com o fim da guerra, motivado por promessas que garantiriam aos produtos brasileiros um emergente campo de escoamento na destruída Europa, fato que geraria um enorme superávit na balança comercial e daria ao Brasil um status de país de primeiro mundo. Nada disso aconteceu, o Brasil piorou devido aos investimentos norte americanos na Europa que reconstruíram suas indústrias e pelo fato de obter grande quantidade de divisas estrangeiras não conversíveis em suas reservas monetárias.
