Era o ano de mil, novecentos e alguma coisa... ou já era depois da virada do milênio? Sei lá, me perdi... Só sei que naqueles tempos, durante aqueles momentos, dançamos ao luar, ao som da música de fundo, suave, constante, brotando do coração... Ou era imaginação? Faz diferença? Aulas que não eram aulas, palestras dinàmicas e interativas, formando padrões coerentes, eram experiências de vida, momentos ricos de expansão da mente, do corpo. Que tempos aqueles tempos... Não se faz mais tempo como aqueles, pelo menos no concreto e sério do cotidiano... Aquilo sim é que eram horas, dias enormes e curtos, irregulares, disformes e extasiantes, noites intermináveis com sonhos vívidos, totalmente excitantes, sensuais, o lúdico no real e vice-versa... foram vários dias e noites, na verdade, alguns poucos momentos que pareciam portais para o infinito... semanas, minutos, milênios, que importa? O tempo parava, parecia, formava um hiato, uma ilha, uma bolha que se esticava e beirava as estrelas, depois se soltava, voltava, sumia... que pena... toda aquela fortuna em tempo dourado, em riqueza... a gente gastava em leituras, questionamentos, conversas, íntimos, gostosos e inexplicáveis emaranhamentos quànticos, bobagens ou equívocos aos olhos de muitos, talvez. Induzia-nos a amar, sonhar, dançar ao som da música, vislumbres nunca dantes experimentados... a gente dançava em alguma esquina do espaço-tempo, dobra talvez, que um dia pode voltar renovada... hummm, que delícia... |