Há uma certa dissonância entre o pensar e o falar, poetisa Graça, escritora Bia, quando no intervalo que separa os atos, a ambos se antecipa, a sabotar o produto final, a misteriosa dúvida que assiste nossos corações.
Ao ver uma rosa branca e, pasmo diante de sua beleza, alguém afirmar: “que bela rosa!”, a essa certeza do primeiro observador um outro poderá levantar este argumento: “a mim nada de belo há na cor branca mais do que na cor azul ou vermelha...”. Ainda outro poderia afirmar: “Vocês estão equivocados. O belo que um diz haver na cor branca e o outro em maior quantidade na cor azul ou na vermelha não pode ser definido por critérios que cada subjetividade estabelece, senão todos teriam razão e a beleza existiria em todas as rosas do mundo ao mesmo tempo e na mesma relação em que beleza alguma se veria nessas mesmas rosas, posto que cada olhar enxerga o que quer e cada boca fala o que quer, sempre na medida do que for mais conveniente e consolador.”
Falando sério, cara poetiza Graça, cara colega Beatriz, o meu objetivo ao fazer comentários irônicos é suscitar nos escritores/leitores da Usina respostas como a de vocês: inteligentes, sinceras, abertas ao diálogo, sem ressentimento ou rancor. Afinal, o que melhor caracteriza um homem e uma mulher de letras senão a troca de idéias? Troca, não imposição. Isso alguns na Usina ainda não entenderam.
Às tuas ponderações, Graça, respondo que a poesia precisa, sim, lutar contra o que é feio, triste e deplorável no mundo, seja de forma direta, quando o poeta canta a beleza da flor, ou fala da lua, amada e admirada pelo brilho que é seu, reflexo da luz alheia; como também de forma direta, ao denunciar as más ações dos poderosos do mundo, que humilham e exploram o próximo.
À tua indagação, Beatriz, a resposta e NDA, pois vejo nas mulheres o complemento perfeito daquilo que torna os homens (machos) seres condenáveis, e vice-versa; ou seja, cada homem e mulher quer do outro as coisas boas que não tem em sua natureza. OK?