Magia*
Naquela noite linda, o plenilúnio
De setembro enfeitava o céu, e juras
De amor fazíamos: promessas puras,
Que nunca preveriam o infortúnio.
Sonho de adolescentes!... Hoje, une-o
Ao futuro a presença de amarguras.
Talvez, distante, até nem mais aturas
Luas cheias ou mesmo novilúnio.
O encontro, sublimado, deixa marcas
Na pracinha em que, ternos, dividíramos
Sanduíche, suco, água e moedinhas parcas.
Em árvore frondosa, atrás dos ramos,
Num coração, escrito: "aqui embarcas
E sentiras..." Pro mundo, aéreos, partíramos.
(Brasília, DF, 18/01/1966.)
* Campinas (SP): Editora Komedi, 2006, p. 82. |