Meu Deus, voltou Zé Limeira,
quem sabe, psicografado
por alguém que, deste lado,
reproduz sua besteira.
Eu, que desde sexta-feira
me encontro sem esperança,
adivinho que a festança
o Zé prepara no Além!
Já vou, Zé, de barco e trem!
Me espera para uma aliança!
Meu amigo, Seu Almir,
tomara fosse verdade
o que, na tua bondade,
te encontras a pressumir.
Se não for me consumir
amanhã mesmo no Inferno,
pronde que eu vou? Sou eterno?
pois meu corpo está tão fraco:
respiro pelo sovaco
minhas vísceras de inverno.
Sou um tarado, não minto;
minha consciência não míngua
quando faço com a língua
o que já fiz com o pinto.
Minha enfermeira, pressinto,
por meu amor tem piedade
e eu, com orgulho e vaidade,
até que me sinto bem
ao ver que é a mim a quem
ela beija com vontade.