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Humor-->A Contramão do Contran -- 14/01/2005 - 22:53 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

MOTORISTAS MAL DIRIGIDOS
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Dizem que o que é bom a gente costuma repetir. A premissa, todavia, não vale para as medidas geradas nos gabinetes pouco criativos de determinadas autoridades governamentais. Mais uma vez, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) trafega na contramão do trânsito ao anunciar: a partir de março, para renovar a Carteira de Habilitação, o cidadão terá que voltar à auto-escola para aprender o conteúdo e prestar exame sobre duas novas disciplinas: direção defensiva e primeiros socorros.

A medida consta da Resolução 168 do Contran e seu objetivo, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), é aprimorar a qualidade do condutor brasileiro, que estaria entre os piores do mundo; e a causa principal desse problema, segundo o diretor-geral substituto daquele Departamento, estaria centrada na deficiência de formação dos condutores.

Num primeiro momento, serão avaliados cerca de 5 milhões de motoristas, ao custo unitário de R$50. Espera-se, com a medida, retirar de circulação cerca de 10% de motoristas que não teriam a menor condição de conduzir um veículo.

A disciplina de direção defensiva envolve o conceito de condições adversas, segundo o qual o motorista precisa estar atento aos erros dos outros e às dificuldades do ambiente, além de abordar temas que o ensinem como evitar acidentes; cuidados na direção; manutenção do veículo; e cuidados com os demais usuários da via.

Na disciplina de noções de primeiros socorros, a abordagem do aprendizado voltar-se-á para o domínio de procedimentos básicos de socorro às vítimas de acidentes; sinalização adequada do local do sinistro; uso correto do extintor de incêndio, e acionamento do corpo de bombeiros polícia e ambulância, entre outros.

Fará parte das aulas, ainda, a simulação de resgate e socorro. Os cursos serão realizados em salas de aula, ou serão ministrados à distância, e terão carga horária total de 15 horas: 10 horas para direção defensiva e 05 horas para noções de primeiros socorros.

Não se falou de questões relevantes, tais como: as péssimas condições de nossas rodovias, em termos de buracos, sinalização, iluminação e falta de segurança, para citar as mais conhecidas. São questões que, a rigor, deveriam constar dos cursos, pelo menos para que os motoristas aprendessem como tapar ou desviar de buracos, sem causar acidentes, ou como dirigir com segurança, sem sinalização e iluminação adequadas.

Repete-se, de certa forma, a questão do malfadado estojo de primeiros socorros; medida que gerou, quando de sua implantação, em janeiro de 1999, desconfiança da população de que se visava, tão-somente, beneficiar fabricantes e fornecedores dos itens que compunham o kit de primeiros socorros. Desconfiança, aliás, que não demorou para se transformar em frustração e prejuízos para os motoristas.

A bem da verdade, tesouras, esparadrapos, gazes, água oxigenada, enfim, não se mostraram – e nem poderia – suficientes para a adequada prestação de socorro às vítimas de acidentes nas rodovias. Sem falar no perigo de remoção de feridos, sem o necessário e adequado treinamento para tal. Resultado: o kit foi deixado de lado; alguém ficou com o lucro e o cidadão, como sempre, arcou com os prejuízos.

A história se repete, com outra roupagem. Este curso, por suas limitações de tempo, de conteúdo programático e de amplitude de abordagem, em relação ao universo de variáveis responsáveis pelas sombrias estatísticas de feridos e mortos em nossas estradas, não se sustenta diante da fragilidade de suas argumentações; carece, portanto, de fundamentação lógica e de respeito ao cidadão, para dizer o mínimo.

Por conta disso, não possui condições de atingir seu desiderato. Sua eficácia, mais provável, não passará dos lucros originários das taxas a que estarão obrigados todos os motoristas. Que não poderão fazer o retorno, nem parar no acostamento e esperar a chuva passar: sob pena de terem a carteira cassada. Depois, como da outras vezes, a medida será deixada de lado; e todos baterão , de frente, com a realidade.

No meu entendimento, os maus motoristas, no caso, são os dirigentes da coisa pública. Eles é que precisariam fazer um curso de direção defensiva dos direitos do cidadão; e de primeiros socorros, também; para evitar acidentes de percurso como este, fruto de quem acelera, sempre, na hora de arrecadar mais recursos. É hora de pisar no freio da insensatez. E parar com essa mania de resolver tudo pelo lado do bolso alheio.


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