Usina de Letras
Usina de Letras
146 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50618)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140802)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Carmozine, o vendedor -- 20/05/2007 - 13:48 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carmozine, o vendedor

O Carmozine morava em Franca, SP, e acredito que ainda está morando por lá. Trabalhamos juntos por vários anos, viajamos para muitas cidades: Passos, Barretos, Frutal, Olímpia e muitas outras. Durante as vagens ele me contou umas histórias da sua juventude, das quais anotei algumas e as reconto aqui. Quando era menino, aos doze anos, ele estava indo mal na escola e resolveu subornar o professor. Levou-lhe um frango gordo subtraído da criação que a sua mãe mantinha na chácara pobre. Aqueles frangos pertenciam a uma reserva estratégica de alimento da família e o professor, sujeito honesto, não aceitou o presente. Revoltado, aplicou-lhe umas "frangadas" na cabeça. O pior é que o Carmozine chegou em casa e contou para a mãe a sua tentativa fracassada de subornar o mesmtre. Levou outra surra. Esta foi a sua primeira tentativa de realizar uma venda. Foi uma tentativa sem sucesso, claro, mas faria outras melhores no futuro.
Certa vez, no ginásio e já rapazinho, perdeu a hora e chegou atrasado para a primeira aula da manhã. Sua professora, uma jovem muito bonita porém severa, ao perceber o aluno chegando atrasado, esgueirando-se de fininho para dentro da sala, interrompeu a aula e disse: "O que é isso Luiz?... Não diz bom dia?... Por acaso dormiu comigo esta noite?..."
Com a voz indefinida de adolescente, o Carmozine respondeu, quase num lamento, e traiu o desejo oculto do seu coração: "Quem sou eu, fessora, pra beber água desse coco!..."
Por causa da cantada e do atrevimento, Carmozine foi suspenso por duas semanas e quase perdeu o ano. Mas é assim mesmo que se forjam os grandes vendedores. Sua personalidade vai se formando com a somatória das tentativas frustradas e as outras "mancadas" da vida. Foi ele um dos melhores vendedores-propagandistas que conheci. Não foi o melhor de todos por que ele próprio não quis, e também porque não gostava de si mesmo.
Hoje sou líder de uma equipe de sonhos, conto histórias e vendo livros de saudades e não se ganha quase nada com o trabalho, mas o dia em que o Carmozine quiser, se desejar trabalhar comigo, pode vir que a sua vaga estará garantida. Pediremos esmolas, juntos. Água de coco na Dona Maria e no Jarbas do Mercadão, tenho certeza de que ganharemos ao menos umas duas frutas.


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui