Usina de Letras
Usina de Letras
149 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62072 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50478)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Sete Faces em Tranças Congeladas -- 11/07/2014 - 13:48 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Foto: Monumento ao Cabeça de Cuia, folclore do Piauí.

A casa 77 da rua Ibituruna na Tijuca, viu crescer duas gerações dos Guimarães. Ali Corina quis dar o mesmo aspecto do casario da fazenda, mandando cavar um oratório na parede, e quando entrava no quarto, podia ver a imagem do Crucificado entalhada em bronze sobre um nicho repleto de imagens. No alto da parede, com a face voltada para os pés da cama, também estava o retrato do finado quando jovem. Já na moldura menor, sob o olhar de ontem do pai, a pequena Dulcineia descansava no colo da mãe.  Eram recordações guardadas nas tranças congeladas no álbum de família.

Quantas lembranças!...

 Mas nem tudo que Corina viu e aprendeu, veio das cercanias da fazenda Campo Grande. Ela tinha impressões de viagem do Rio de Janeiro ao Piauí, fuxicando com a neta o Centro-oeste, parte do Sudeste e todo o Norte de Minas, para recontar sua história. Ela e  Guimarães eram  duas pessoas e uma só carne, uma realidade ou uma lenda? A Carimbamba, por exemplo, a mulher de JG achava que era invenção do marido. Ele contava que ninguém do sertão ou do mar, jamais viu a carimbamba. Só à noite se ouvia seu lamento triste, semelhante ao clangor da acauã canglorando, canglorando, agourando morte na aldeia, sem parar. O povo dizia que na lagoa morava um pássaro sanhoso, sanhudo, que trazia agouro em seu canto. Quem o visse cantar, ficava menino se fosse velho e ficava velho se fosse menino. E assim, quando Yula Maria nasceu, o pai dela prometeu casá-la com a carimbamba para quebrar o encanto. Dizem que a carimbamba que há três mil anos cantava, tinha cabeça de gente e asas que não voam. Era igual em malvadeza ao Cabeça de Cuia queSete Marias[1]precisava tragar. Sete virgens comer pro encanto acabar...  Era quase escuro quando Yula ouviu cantar: “amanhã eu vou... amanhã eu vou... Curiosa, adentrou a mata e ao pisar o junco do brejo, a vegetação se abriu e a lagoa encantada apareceu. A mocinha viu a carimbamba e nunca mais voltou para casa. Por isso, até hoje, corre o boato que uma velha encurvada grasna em noites de lua cheia na lagoa, que não é mais encantada.

***

Foto: Adalberto Lima - Monumento ao Cabeça de Cuia - Folclore do Piauí



[1]Cabeça de Cuia.Folclore do Piauí. Canção atribuída a Bentinho.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui