Vou me despedir quando os passarinhos silenciarem num dia de nuvem espessa e cinzenta, de céu obscurecido pela noite e quando alma estiver em tristeza.
Quando as árvores não estiverem frondosas, num momento de nevoeiro na estrada ou quando nada me aguardar, no dia longo, melancólico e vazio.
Quando não alcançar com o olhar ansioso as montanhas que amo e as planícies não me atraírem em suas linhas planas e magníficas.
Vou me despedir sem poder avistar o Cristo Redentor de minha infància, cuja majestade me extasiava,deslumbrava em tardes de sol esfuziante.
Vou me despedir observando o horizonte, conversando com a lua branca e cinza, espalhando o reflexo prateado de luz e nas noites estreladas que eu cantei em meus versos e no meu canto. Na calmaria do silêncio, na doçura do meu coração aquecido. Num dia de terna concretização de tudo que sonhei deliciada em noites estreladas e sem fim.
Vou me despedir sem lamentos ou sussurros esperando encontrar a paz e a felicidade, revendo em sombras os amigos queridos e beijando os entes que ficaram. Sem lágrimas, sorrindo, consciente e tranquilizada. Vou me despedir...
Vània Moreira Diniz