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Cordel-->Apresentação -- 20/04/2002 - 11:26 (Anecildo Katz) |
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Sou Anecildo, o capeta,
Anecildo de Piauí;
faço versos por esporte
para confundir à morte,
por isso é que estou aqui.
Doente desenganado,
meu estado é terminal.
Quando me injeta morfina
meto o dedo na vagina
da enfermeira no hospital.
Maria, sua boceta
eu não mais já posso ver,
porém mesmo na distância
sinto o cheiro da fragância,
seu perfume de mulher.
Sou velho, ai, muito velho,
nada tenho, nada sinto,
mas, ao tirar tua calcinha
neste corpo que definha
treme o velho e triste pinto.
Não escrevo. Meus poemas
estou ditando prum neto.
Ele que me lê os cordéis
remexendo nos papéis,
é um garoto muito inquieto.
Um tal de Almir escreveu
hoje um cordel engraçado.
Com sílaba bem contada
desejar não deixa nada,
é um cordelista arretado.
Em termos de correção
ninguém supera o Da Guia
mas é barroco demais;
o cordel precisa gás
que o fado não carecia.
O barbudo Mestre Egídio
tem personagens vitáis.
Surrealista, leva jeito
com esse verso imperfeito
de ares sobrenaturáis.
Não liguem para o que falo
já que vou viver tão pouco.
Só quero, antes de morrer,
um carinho de mulher
para não morrer tão louco.
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