Há mais de vinte minutos, percebo que você está com os olhos voltados diretamente para minha mulher. Quero que saiba que ela não está à disposição nem de você nem de qualquer um da sua laia, e se ela estivesse lhe dando atenção, com ela é que iria me haver; porém observei seu comportamento e vi que ela sequer notou a sua presença nem atentou no seu modo indiscreto e desavergonhado de encará-la. De antemão, quero dizer-lhe que minha esposa é uma mulher séria, de bons princípios, que respeita sua família e detesta certos tipos que apresentam posturas inadequadas como é o seu caso; portanto, exijo mais respeito com as mulheres alheias e cuide de procurar o seu capim em outro terreiro. Entenda que ela é minha companheira, e que pretendo evitar atitudes mais agressivas diante de sua petulância obsessiva. Você continua olhando para ela, isso me deixa cada vez mais irritado e nervoso. Ei cara, está gozando comigo, não é? Você está me ouvindo? Você é cego, surdo... por que não fala? Está dando uma de idiota, né? Tudo bem. Minha paciência já se esgotou. Agora vou te dar uma porrada pelo seu atrevimen...
– Calma, meu senhor! Esse cara é um pobre coitado. É cego e surdo. O senhor pode cometer uma grave injustiça se bater nele. Daqui a pouco a irmã dele virá buscá-lo e o guiará para casa onde moram os dois.
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