Um fazendeiro resolveu trocar o seu velho galo por outro, que desse conta das inúmeras galinhas. Ao chegar o novo galo, percebendo que perderia as funções, o velho galo foi conversar com o seu substituto. Eis o diálogo:
- Olha, sei que já estou velho e é por isso que meu dono o trouxe aqui, mas será que você poderia deixar pelo menos duas galinhas para mim?
- Que é isso, velhote! Vou ficar com todas.
- Mas só duas... Ainda insistiu o velho galo.
- Não. Já disse! São todas minhas!
- Então vamos fazer o seguinte, propõe o velho galo. - Apostamos uma corrida em volta do galinheiro e se eu ganhar, fico com pelo menos duas galinhas. Seu eu perder, são todas suas.
O Galo Jovem mediu o velho de cima em baixo e pensou que certamente ele não seria capaz de vencê-lo.
- Tudo bem velhote, eu aceito.
- Já que, realmente, minhas chances são poucas, deixe-me ficar vinte passos à frente. pediu o galo velho.
O Galo Jovem pensou por uns instantes e aceitou as condições do galo velho.
Iniciada a corrida, o galo jovem dispara para alcançar o outro galo. O galo velho faz um esforço danado para manter a vantagem, mas rapidamente está sendo alcançado pelo mais jovem. No momento em que o mais velho ia ser alcançado pelo mais novo, o fazendeiro pegou a sua espingarda e atirou sem piedade no galo mais jovem.
Guardando a arma, comentou com a mulher:
- Num tô intendendo, uai! Já é o quinto galo viado que a gente compra esta semana...
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CARLOS CUNHA/o poeta sem limites
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