Hão de chorar por ela os cinamomos*
Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia,
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.
As estrelas dirão: - "Ai" nada somos,
Pois ela se morreu silente e fria ..."
E, pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.
A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.
Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"
(Alphonsus de Guimarães, 1870-1921)
* Planta de origem asiática, produz frutos consumidos por aves nativas, que levam as sementes para as bordas e clareiras das matas, iniciando invasões. Em Teresópolis (RJ), o ex-presidente da República, general Ernesto Geisel, possuía uma propriedade com o nome de: Sítio dos Cinamomos. |