A dor era tanta,
qual o engasgar por aguaceiro
que desce pela goela e escorre na cara.
O amor escapou pelo ralo imenso da rua,
retilíneo, com ferrugens lhe tomando os cantos,
ele tomado pela desatenção de ser mais nada.
Só escoamento e alguma terra revolvida por insetos sujos.
E a dor era tanta que não havia mais luas
E até a respiração se esgotara, meio febril e apodrecida,
Cabelos moribundos sob as unhas ácidas
O amor acabara.
O silêncio agora eram gritos e outros gritos
brotando nos ouvidos, arborizando as faces pálidas,
mortas, angulosamente sem vida
sangue sinuoso correndo pelas pernas imóveis,
que não sabiam pra onde ir,
nem como prosseguir.
E a dor, de tão insuportável,
tornou-se a aridez do vento forte no deserto escuro.
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