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Humor-->As Bolachas do Velório -- 18/09/2001 - 22:27 (Marcelo Finavaro Aniche) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Equívocos... alguns que acontecem com as pessoas que menos esperam, outros aconteceram com pessoas conhecidas, às vezes com quem já os esperava, e outros mais com pessoas que nem ao menos conhecem ou ouviram falar em equívocos. Pois os equívocos simplesmente acontecem, sejam eles bons para a pessoa que o têm, engraçados para quem os ouve, ou infelizmente, trágicos para todos...
Mas ao menos os equívocos que alguém têm, não são escolhidos, eles simplesmente acontecem na forma que deveriam acontecer, seja essa forma mais absurda que pareça, ou como aconteça... eles apenas acontecem, ou aparecem...

Senhor Matos, um trabalhador incansável, com honra e dignidade, de classe média, casado e, ainda novo para ter filhos e um ou outro neto, já na adolescência...
Sempre que perguntavam sobre sua profissão, ele dizia, com um alto caráter:
- Levo os corpos das almas para um descanso eterno... dirijo o carro da funerária !
Todos, de início, se espantavam com tal profissão, ou melhor, o modo como ele a colocava, aparentava que se não fosse pelo seu trabalho ninguém mais “poderia” morrer. Mas ele não importava-se muito com o quê as pessoas diziam, apenas admirava sua profissão...
Às vezes, em meio de um dos funerárias em que trabalhava, era convidado para participar, e no mesmo permanecia até o fim, sempre com as mãos nas deliciosas bolachas e tomando chá que colocavam no velório, ou durante o próprio enterro... não falavam mal nessas horas, apenas agradeciam sua presença no velório, e ofereciam mais comida, sempre bolachas, e cada uma mais deliciosa que a outra...
Tão logo, as pessoas os convidavam mais e mais para levarem o “seu defunto”, devido a permanência do motorista do carro da funerário durante o velório e enterro inteiros. Ele, por sua vez, engordava cada dia mais, mas não muito, pois carregava os caixões de todos - “ajuda a manter a forma” quando falava um pouco de sua profissão – mas era bem tratado em todos os lugares que ia.
Mas, com o passar dos anos, as pessoas viviam cada vez mais e mais, e as funerárias iam falindo, menos a que o Senhor Matos trabalhava, porém mesmo assim eram muitos poucos corpos para serem levados... o Senhor Matos emagreceu, emagreceu... não que não fosse por falta de comida, ou por alguma doença e muito menos por falta de fome, mas sim pela falta de bolachas que haviam nos enterros passados... – como era bom antigamente – dizia lembrando-se de tudo que se passara com ele.
Mas, por azar do destino, em uma manhã, sua esposa, que de costume rapidamente preparava um café da manhã antes de seu marido acordar, notara que ele, já com a roupa de trabalho, não mexia-se, apenas estava com os olhos abertos e o corpo inteiro duro...
Sua esposa achou que era uma brincadeira, assim, esperou um bom temo ao lado do mesmo, tentando perceber alguma piscadas de olhos, ou uma funda respiração de falta de ar... mas nada...
Ligara, então, rapidamente para seus filhos, que vieram rapidamente ao local.
- Acho que ele acaba de falecer... – disse um dos filhos em lágrimas.
- Pai... Pai... – outro sussurrava em uma choradeira sem fim, enquanto fechava os olhos de seu pai com as mãos trêmulas.
Horas depois, decidiram que ele não poderia ficar para sempre morto e deitado na cama, assim ligaram, tristemente, para a funerária aonde trabalhava, mas quando atenderam o telefonema, foram avisados de quê a empresa falira...
- Poderia ter sido um enfarte pelo susto de ter perdido o emprego... – disse um dos filhos, observando o outro que ainda segurava o telefone e ainda falava com a telefonista.
- Ela disse que antes da firmar falir, nosso pai comprou o carro da funerária... – falou o filho após desligar o telefone.
Dito isso, olharam pela janela de sua casa e viram o carro da funerária, algo que ainda não haviam percebido.
Assim, decidiram dirigir o carro, o que talvez pudera ser o ultimo desejo de seu pai... foram para o carro e tentaram abrir... trancado...
- Ali... ali... está... a chave... – disse a mãe, ainda chorando, e apontava para o marido na cama...
Estava dentro do bolso, na qual havia a mão dele dentro, via-se a chave pelas marcas da calça...
- Pegue... – disse um dos filhos.
- Ai, meu Deus ! – falou outro – eu tenho medo dessas coisas, então vá você... além disso você é mais velho, e portanto ele o teve primeiro !
- Ai, Santa ! – exclamou o outro, como um apelo, mas foi rapidamente.
Tentou tirar a mão dele, mas ele parecia não querer... após um longo tempo, conseguiu finalmente, e da mão havia a chave e um papel com letras mal escritas...
“Essa é a profecia dos motoristas dos carros de funerárias... se as pessoas que o levam não conseguirem levá-lo até a igreja para o velório, o motorista nunca mais os deixara...”
E acabava a frase com letras ilegíveis...
Estremeceram todos, então rapidamente, abriram o porta-malas do carro, aonde havia um grande caixão... levaram o Senhor Matos e o colocaram dentro do caixão...
Acionaram a sirene do carro funerário e partiram em disparada... mas logo foram parados por um guarda, bem baixo e de aparência mau humorada...
- Sei que passar faróis vermelhos com um carro desses é permitido, mas ultrapassar o limite de velocidade não é permitido...
Antes que o guarda terminasse a frase, um dos filhos começou, loucamente, a gritar:
- Mas a profecia dos motoristas de carros de funerárias !
- Ele dirigia um carro de funerária ? – perguntou o guarda assustado.
- Ele é o Senhor Matos, meu pai... disse um dos filhos.
O guarda correu para muito longe e fez o sinal da cruz no peito...
Continuaram a dirigir loucamente... ao chegarem a uma igreja, chamaram os parentes mais próximos e um padre para auxiliar no início do velório...
O padre aproximou-se, rezou alguns salmos, proferiu algumas palavras e foi-se embora, mas disse que voltaria ao final do velório...
Trouxeram algumas coisas para comer, e logo todos os parentes estavam na sala... mas por incrível, depois que todos disseram as suas palavras ao Senhor Matos, ficaram nos bancos da igreja, e não na sala aonde acontecia o velório...
- Me dá calafrios... – diziam uns.
- Acompanho a minha esposa – falaram outros.
- Não gosto muito... tenho um pouco de receio... – sussurravam mais outros.
Assim, o Senhor Matos ficara sozinho... minutos depois, quando um dos filhos entra na sala, grita desesperado:
- O MORTO DESAPARESCEU !
E todos se apavoraram... corriam pela igreja... quando foram acalmados pelas palavras boas do padre, uma voz no fundo da igreja, próximo a porta dos fundos que ficava próxima à sala do velório, falava:
- Tanto trabalho para ficar sem bolachas...
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