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Contos-->Fina voz -- 31/10/2013 - 16:15 (Brazílio) |
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Tõe da Chica! De pedreiro de mão-cheia converteu-se no mestre-de-obras de
reputação e meia. Homem da periferia, foi-se tornando concêntrico à medida que
subia. E bem se comprazia do bem que a fama lhe fazia.
Com a agenda repleta, começou a descartar obras menores e a trabalhar somente
para uma freguesia seleta de doutores e outros nem tão doutos, mas opulentos
senhores.
Ocupadíssimo, de obra em obra ambulava e ordenava na febril gesticulação - senão
a rapaziada se deprava, pressentia, com aquela sua cara brava. E pouco falava, pois
a sua voz, por circunstância atroz - diziam ar-de-estupor - mantivera-se sempre
fina, sujeita à alheia mofina. Mas ai daquele seu subordinado que ousasse contestar,
ou mesmo palpite dar, quando lançado o recado - ou sentença, se assim pensa, o
condenado.
O mestre era uma pilha, e nunca estava para brincadeiras. Nem mesmo naquele dia,
em que um jovem servente, cheio de boa vontade, mas sem maldade, quiçá só cabeça
quente, ensaiou responder-lhe, num mesmo tom - com a voz bem fininha - que havia,
sim, feito a massa mista na medida exata, ainda que se esquecido de lhe adicionar a
parte da cal...Mas não chegou a concluir sua escusa o pobre servente, ser malvivente,
corrido que foi, de enxada em punho pelo furioso Tõe da Chica que o acusava de o
estar imitando, caçoando de sua voz.
Até que que veio, salvadora, explicação - antes da demissão - pela turma de
trabalhava na construção: Num faz isso patrão, ele fala é assim mesmo! |
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