Dois faxineiros brancos e um negro estavam num andaime, lavando os vidros de um grande edifício. De repente, o negão deu um gemido, virou-se para o branco ao lado e diz:
- Ai, ai, ai, que dor de barriga! Preciso cagar; vou cagar aqui mesmo!
- Você ta louco! Vai sujar todo o mundo lá embaixo! - falou um dos brancos.
- Mas eu não to agüentando mais, cara! Não vai dar tempo de descer!
- Então, bata na janela e peça pra dona do apartamento deixar você usar o banheiro, aconselhou o outro faxineiro branco.
E é o que ele fez. Assim que a proprietária permitiu a sua entrada pela janela ele voou pro banheiro. Lá o negão, tranqüilo se aliviando, ouviu uma gritaria danada.
Quando saiu do banheiro viu que o andaime tinha quebrado e os dois faxineiros brancos tinham se espatifado no chão.
No dia seguinte no velório deles estavam os amigos dos falecidos, as viúvas inconsoláveis e o negão acompanhado da esposa, quando chegou o dono da empresa em que os rapazes trabalhavam quando sofreram o acidente. Imediatamente todos fizeram silêncio e o empresário começou o seu discurso, dirigindo-se às viúvas:
- Sei que foi uma perda irreparável, mas posso, pelo menos, tentar aliviar tamanho sofrimento. Como sei que as senhoras pagam aluguel, darei uma casa pra cada uma. Também sei que dependem de ônibus, por isso darei um carro para cada uma. Quanto aos estudos de seus filhos não se preocupem mais, pois tudo será por conta da empresa até que terminem a Faculdade.
E para finalizar as senhoras receberão, todos os meses, mil reais para as compras da cesta básica.
Neste momento, a mulher do negão, já meio arroxeada e não se contendo mais, falou no ouvido do marido:
- E o bonitão cagando, né? Você sempre caga na hora errada!
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CARLOS CUNHA/o poeta sem limites
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