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Contos-->Três amigos -- 28/10/2013 - 14:05 (Brazílio) |
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Eram três amigos do peito. E de que jeito. Rapazes já em idade de
se casar, queridos da sociedade, porém por sorte ou azar, ainda a
boa fada que os levasse ao altar.
Sistemáticos eram por natureza e o passar dos anos lhes agravara
essa mais saliente certeza. Paulim, o mais velho, que vira os
próprios irmãos crescerem juntos jogando bola e farreando,
Zemaria, caçula entre seus manos e Marcim, primogênito, feito o
Paulim. Além de sistemáticos, eram todos balzaquianos, com
Paulim puxando a fila e Marcim ainda nos seus vinte e poucos mas
quem o visse lhe dava logo mais dez, só pra que preenchesse o
requisito básico daquela amizade trifásica.
Conquanto Zemaria e Marcim trabalhavam na companhia, dando
duro de segunda a sábado, Paulim se privava de ocupação
regular, por pura falta de paciência, pois podia bem dar uma mão
ao irmão Tarcísio na eclética loja do Palica, o pai, que vendia de
peças de enfeite a pneus de bicicleta.
Mas os três amigos materializavam sua presença nas noites da
cidade, principalmente aos sábados e domingos, no cinema, nos
passeios pelo jardim, no refresco de algum bar, ou nalguma
esquina lá pelo centro. Mas só até uma certa hora. Pois estavam
todos assentes que o sereno fazia mal. E também as farras com
bebidas, mulheres perdidas e outras peripécias da vida.
Namorada só o Zemaria é que tinha, mas tão platônico seu jeito
de amar e o dela, que o namoro só se fazia pela janela, nas suas
idas e vindas da Companhia, quando sempre januária, Evelayne
lhe sorria. E o tempo é que corria.
Um belo dia, foram os três passear na capital do estado, o Belô
tão amado e movimentado. Tanto zanzaram pelas ruas da cidade
que veio a fome com aquela voracidade. Mas onde o acordo para
entrarem juntos numa lanchonete, chegar ao balcão e papar uma
breve, ainda que leve, refeição?
Depois de muita discussão chegaram a uma conclusão, não sem
hesitação: compraram pastéis, logo botados num saco, ainda sem
provar um naco, e saíram precipitadamente pela calçada para
tomarem o lotação,que já encostava, bem na hora do rush - e
ainda menino era esse tal de Bush. Zemaria, de saco à mão, quis
passar pra frente o bornal, pois pra ele pegava mal assim ser visto
mas neca dos amigos se solidarizarem. Jogou o saco no lixo.
Deixando então virar bicho. |
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