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Poesias-->O POETA E O UNIVERSO -- 28/03/2017 - 12:13 (L. Stella Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O POETA E O UNIVERSO



“Cesse tudo o que a antiga musa canta

Que um valor mais alto se alevanta!”

Luiz Vaz de Camões



Canto I



A poesia está aqui, viva! Silêncio na platéia!

E eu aqui a declamar... O peito arfante!... Loucura

Parar. Sou como a adolescente,

Tímida... Mas, eu preciso falar...

A voz se prende na garganta,

Os olhos brilham... De pavor?

Não! Porque é preciso começar

O canto que ensaio na memória,

O grito que me agita e se agiganta... Já não dá para voltar!

Cheguei até aqui, fui impelida

Pelo desejo atrevido de sonhar!

É a musa que me põe a versejar?

Ou é este anseio de meu peito extravasar?!...

Palavras encontradas no dia-a-dia,

No afã, nessa mistura de silêncio e agonia...

Silêncio!... O ar está parado, pesado,

A ansiedade de não saber o que virá...

Olhos acesos, expectativa... Perguntam:

- Mas, quem é esta mulher que aqui nos cala?

- Quem ousa parar o tempo, a voz, o pensamento?

E eu peço, suplico por um momento... Já vou falar...



- Eu sou Maria, ou sou a Marta, ou Isabel...

Posso ser Alice, Clara, Lúcia ou Raquel...

Todas elas, as que vocês conhecem...

Aquelas que nem aparecem porque são todas iguais...

Anônimas sonhadoras que labutam na vida, na lavoura

Ou em uma sala escolar...

Criam, plantam, ensinam, sonham...

Mães do tempo e de toda hora...

Aquela a quem chamam “senhora”,

Mas que é dona, apenas, de seu sonho...

Que entre as lidas do lar,

Em qualquer casa, seja sua ou não,

Estende sobre um papel a calejada mão

E ousa versejar...

Mesmo sabendo que vão perguntar

Qual o sentido de lançar palavras em um jogo de metáforas,

Vai colocando pedaços de si mesma,

Vai caminhando, atrevida, na incerteza, em busca do seu ideal!

Quem falou que a mulher não pensa...?

Que não sente além do ser material?

Quando sabemos que, sendo animal,

O ser humano tem o sentimento

Maior que o seu instinto natural...?!

Pois o sentimento é Luz que vem de dentro...

Esta é a razão de eu estar aqui agora, neste meu momento,

De proclamar que sou sonhadora,

E tenho orgulho de poder sonhar...

Ultrapassada? Romântica? - Dirão...

Pois eu também sou lírica nesse meu enlevo,

São meus momentos e neles eu me atrevo

A proclamar em meio aos versos

Todo o meu ideal! Eu sou Real!!!

Então, por que não sê-lo? Por que não?!

Se trago nas entranhas do meu ventre essa força incontida,

Tão premente, de viver em sonhos e com a esperança?

Eu tenho um coração latejante

E essas batidas saem pelas minhas mãos!

Assim, também posso viver cantando com o amor,

Com meu pudor... Intensamente...

Os versos são meu alimento, não são defeitos...

Serão conceitos? São valores ou serão pendores?

Se eu vivo e sei que não resisto A esse impulso nobre!

A alma que tem sonhos não é pobre!

Então... Deixem-me ficar com meu encanto,

Sentindo o belo assolar meu pranto...

Mesmo sentindo desapontamento

Tenho direito a ter esses tormentos!

O mundo, sabemos, é cheio de ilusão...

A realidade é o retrato da ambição...

Essa mania de querer... Essa ânsia de poder!...

Enquanto que versejar é a ternura exercitar...

É falar da dor, é sofrer sem chorar...

É deixar a alma iluminada cantar...

É mostrar-se inteira, sem temor de ser verdadeira!

Mostrar suas fraquezas, sua tristeza ou alegria,

É ser humana... Nessa humildade está sua grandeza,

Porque a vida é assim, dessa maneira.

O que nos incomoda nem sempre é feio,

E o poeta consegue ver, nela, a beleza...

E nós temos de viver para aprender,

Para depurar, compreender...e aceitar.

Ser poeta é transcender, é divinizar!

Versejar é uma das mais belas formas de amar!

E aqui eu juro, nesse cantar onde eu depuro a mágoa,

Busco, também, a minha harmonia de ter, tão só,

Uma alma de poeta escondida no meu peito, espremida...

Calei a dor, sufoquei o meu pendor,

Segurei a mão e deixei livre o coração,

Porque, o que eu não escrevia era aquilo que eu vivia.

Era a missão do amor!

Mas nesses anos todos eu não parei de cantar...



Canto II



Silêncio novamente!

Os meus passos ressoam lentos no assoalho antigo, reformado.

Há uma espera... Eu parei de falar, respiro agora...

O auditório aguarda...

Todos sabem, sentem que falei com a alma...

E com minha alma tranqüila, murmuro...



Na vida nada é em vão...

Mesmo o seresteiro, o boêmio que anda pelas madrugadas,

Sob as janelas, recitando versos para a namorada...

A vida é uma escola. E a Arte, essa que parece

A mais requintada delas, digna de nobres e abastados,

Tem em seus artistas privilegiados aqueles mais sensíveis,

Mais afinados com o diapasão do destino.

E, entre as rimas de seus versos, alcançam os dois lados:

Verso e reverso! Na tentativa de retratar com perfeição

Aprendemos a aprimorar nossa atenção...

Cantamos as belezas, as sutilezas, fazendo de uma cena,

Bela fantasia... Treinando nosso sentimento,

A sensibilidade, assim, vai aflorando.

E, quando parecemos descobrir tudo sobre o encantamento,

Estaremos aptos a defrontar o sofrimento...

Onde havia amor também poderá haver dor.

Então, vamos traçando linhas, denunciando, experimentado

Nas metáforas, mostrar em formas de versos

O reverso da medalha... Ali estão eles, o bem e o mal,

As duas extremidades de um mesmo canal.

Assim é a vida do poeta: olhar o céu límpido e claro,

Mas sentindo que, no chão, também existem astros.

Vidas, expurgos de uma sociedade,

Odor de podridão a exalar na solidão.

A fome, a indiferença que passa pisando com horror

Nas criaturas desprovidas de valor!

A dor é pungente para o artista que vê a vida de forma diferente...

O belo para ele é o bem, a amizade, o carinho ao doente,

A piedade ao velho que vegeta esquecido e desprezado..

Ao órfão que já nasce desvalido Ignorando o porquê de estar ali

E ninguém perceber...

Nada sabe da vida senão aquilo que vê:

A diferença, a distância, a solidão... A fome, o frio,

A falta de quem lhe dê a mão, um prato de comida ou um pão...

E vai vagando pelas ruas, sem pai nem mãe,

Sem ninguém... Sem presente, sem futuro.

O chão que pisa não é mais duro que a sua infância,

Nem é mais feio que a sua indigência!

E ainda está na fase da inocência!



Os olhos do poeta estão doridos...

Emudece a sua voz, estrangulada com a impossibilidade de modificação.

O que tem para dar é muito pouco naquele momento...

Somente o seu amor, compartilhar do sofrimento.

E o poeta pergunta: Que mundo é este que brilha tanta beleza ao sol,

Com o canto nas matas de um rouxinol,

Com cascatas despejadas das montanhas

Cobrindo pedras e folhagens com seu véu...?

A natureza é maravilhosa! Como tanta beleza sobre a Terra

Se a criatura, a principal das obras do Criador,

Aquela que foi feita soberana sobre as coisas terrenas,

Arrasta-se na podridão, no vício ou no esquecimento,

Seja num palácio ou na indigência,

Embrutecido e ignorante da Lei que o criou!?





Canto III

Novo silêncio... A respiração suspensa...

Que palavras ditas não foram sentidas?

A voz ecoa no íntimo dos corações, calando fundo na alma!

A verdade dilacera as carnes, o pensamento,

De revolta ou desgosto enche o peito de dor!

É a resposta sentida nas adversidades da vida.

A consciência universal prostrada, submissa e revoltada.

A liberdade primeira reveste-se de algoz,

Lançando sobre a terra querida o bastão de Senhor!

Queimam-se as matas, Desfazem-se florestas

Petrificando o solo com o fogo da ambição,

A busca incessante do ouro modificando o chão,

Abrindo clareiras, exterminando as cachoeiras...

Estes são os atos mais vergonhosos,

Inclementes, praticados de maneira vil pelo homem!

Esse mesmo filho extremado, para quem tudo foi criado,

Mostra-se indigno e covarde...

Alma caída que a voz do seu orgulho embrutece.

Insaciável fera destruindo a própria atmosfera,

Alardeando sua empáfia, tornando-se um degradado!

E nesta luta do homem contra si mesmo

No desequilíbrio da inconsciência, treme a Terra

Banhada em sangue pela guerra,

Cobrindo os povos de luto, tornando o caos,

Uma Babel de horror! Quanta Tragédia!

A insânia infesta o ar com cenas dantescas,

Provocando o cataclismo!

E logo após, o céu cobre-se de nuvens espessas,

Raios e trovões ribombam no infinito, abalam-se as marés...

É o prenúncio da Tormenta! Abriram-se as portas do inferno!

O tufão varre os mares, ondas levantam o oceano inteiro

Arremessando-se altaneiras, horrorizando a humanidade atônita.

Hecatombe infernal! Fatalidade universal!

Cataclismo indescritível!

Horror criando cenas de ficção!

Qual uma explosão atômica é a transmutação do paraíso!

É o final... Uma dor sem igual!

Silenciou-se a Lira, a dor espalhando seu hino

Ao novo holocausto em que o mundo submergiu.

Diferente de Prometeu,

Busca o poeta compreender em seu coração

Por que, no mundo, o homem traz a maldição de não conseguir amar...

Não reconhece no íntimo s fé, o Amor Supremo,

Esquece de que ele é mais do que um ser terreno.

Está na Terra para construir, através da evolução,

O futuro, pela vida de toda criação...

E o poeta, tentando seguir a luz do “Divino Carpinteiro”

Carrega em seu peito a dor do Universo,

Vertendo lágrimas em forma de versos,

Sublimando a dor da humanidade inteira!

**********

L.Stella D. C. de Souza e Mello



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